Poucos velejadores portugueses na baía de Guanabara

No Rio 2016 estará a mais pequena equipa de vela das últimas quatro décadas, com dois velejadores olímpicos veteranos, uma única mulher e uma dupla com alguma experiência olímpica

Foto
Sara Carmo em acção DR

Aos 44 anos, o windsurfista madeirense João Rodrigues soma a sua 7.ª participação nos Jogos Olímpicos (com um 6.º lugar como melhor classificação, em Atenas 2004) desde que se iniciou na rota olímpica em 1992, em Barcelona, na classe Prancha à Vela. Agora, escolhido para ser o porta-estandarte de Portugal na Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, Rodrigues confessa que isto representa um dos momentos mais bonitos da sua carreira desportiva.

João Rodrigues será o quinto atleta do desporto à vela nacional a figurar como porta-estandarte na Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos. O velejador madeirense adianta, entretanto, que esta será a sua última campanha olímpica, encerrando um currículo que regista 50 medalhas em provas internacionais, entre elas títulos de campeão do mundo e da Europa e ainda a Medalha de Mérito, pelos serviços prestados ao Olimpismo, oferecida pelo COP em 2013. A faltar, apenas uma medalha olímpica para encerrar uma carreira de 24 anos dedicadas ao desporto à vela, desde os Jogos Olímpicos de Barcelona 92.

“Ao longo dos últimos 28 anos, vivi intensamente seis edições dos Jogos Olímpicos. Desta vez, creio que foi feito um enorme trabalho, no sentido da criação de um espírito de equipa. Porque ‘juntos, somos mais fortes’”, disse o atleta que se iniciou no desporto à vela aos 9 anos de idade, na Madeira.

O outro veterano

Gustavo Lima, que nasceu no Rio de Janeiro em 1977, sente que estes Jogos Olímpicos serão muito especiais para si nesta que é sua 5.ª campanha olímpica, tendo garantido o seu lugar na classe Laser ao registar o 20.º posto no Troféu Princesa Sofia em Abril.

“É um dos melhores momentos da minha carreira poder voltar à cidade onde nasci para competir com os melhores velejadores do mundo. E não escondo que desejo conquistar uma medalha, mas não posso dar esta garantia. Farei tudo para que isto aconteça. O que me move é o facto de, aos 38 anos, ainda não ter ganho uma medalha olímpica”, disse ao jornal Record no início do mês de Abril. Gustavo Lima, velejador do Clube Naval de Cascais, cujo melhor resultado foi um 4.º lugar nos Jogos Olímpicos Pequim 2008, conquistou alguns títulos europeus e mundiais na classe Laser Radial, na década de 90, além de se ter destacado ultimamente como tripulante do veleiro Drago, de José Matoso, na classe Dragão.

“Nos Jogos de Londres fiquei em 22.º lugar na classe Laser, pois o apuramento e a minha preparação decorreu em apenas cinco meses, depois de ter transitado de outra classe na qual o meu parceiro se magoou. Por isto é que estou a preparar esta 5ª campanha olímpica.  E conto inclusive com a presença e apoio do meu irmão Jorge Lima, pela segunda vez a participar na classe 49er (com o parceiro José Costa, que se estreia nestes Jogos)”, detalhou o atleta em depoimento ao canal do Comité Olímpico de Portugal, lembrando que conta também com o treinador Álvaro Marinha, ex-velejador olímpico na classe 470.

No entanto, no ano passado, a presença de Gustavo Lima nos Jogos Rio 2016 estava longe de assegurada, pois ao não participar em alguns campeonatos, por ter o filho doente, ficou fora do projecto olímpico português. Com a vaga olímpica já apurada anteriormente para Portugal, Gustavo Lima teve de lutar pelo lugar nos Jogos Rio 2016 com os velejadores nacionais Rui Silveira, Eduardo Marques e Santiago Sampaio durante o Troféu Princesa Sofia e o 20.º lugar bastou para inserir-se na equipa de vela olímpica nacional.

A dupla promissora

Os velejadores Jorge Lima e José Costa asseguraram a vaga olímpica na classe 49er para Portugal em Setembro de 2014, ao classificarem-se em 5.º lugar no Campeonato do Mundo de Classes Olímpicas ISAF, em Santander, Espanha. Para Jorge Lima, irmão de Gustavo Lima, é a segunda campanha olímpica, depois de ter feito dupla com Francisco Andrade em Pequim 2008 (11.º lugar na classificação), enquanto o parceiro José Costa, que o acompanha desde 2009, vai estrear-se na competição, mas já conta com um 5.º lugar no Campeonato da Europa em 2013.

Já Sara Carmo vai para a sua segunda presença consecutiva nos Jogos Olímpicos – a primeira foi em Londres 2012, com um 28.º lugar. A representante do Clube Naval de Cascais, depois de ter competido vários anos na classe Europe, fez a transição para a classe Laser Radial, na qual garantiu a qualificação para os Jogos Olímpicos Rio 2016 ao garantir uma das duas vagas disponíveis em Laser Radial durante a disputa do Troféu Princesa Sofia, em Palma de Maiorca, na qual classificou-se em 13.º lugar.

A jovem, tanto como os demais velejadores nacionais e internacionais, está preocupada com a poluição nas águas da baía da Guanabara onde decorrerão as regatas. “A baía está muito poluída e os atletas que têm estado lá a treinar já encontraram frigoríficos a boiar, entre outros destroços. Isto sem falar na poluição da água que pode causar infecções e doenças, situação que nos preocupa bastante”, afirmou Sara Carmo.

Atletas

João Rodrigues (7.ª participação), rs:x

Gustavo Lima (5.ª participação), classe laser

Jorge Lima (2.ª participação), classe 49er

José Costa (estreante), classe 49er

Sara Carmo (2.ª participação), laser radial

Sugerir correcção
Comentar