Portugal é o rei do suspense em França e já está nas meias-finais

Selecção nacional foi eficaz nos penáltis e Rui Patrício fez o resto. Um enorme golo de Renato Sanches reavivou a selecção nacional em Marselha, depois de ter começado a partida a perder.

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Quaresma depois do penálti decisivo Reuters
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A festa dos jogadores portugueses Reuters
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Rui Patrício defende o penálti de Blaszczykowski Reuters

Não há dúvida: Portugal é o rei do suspense neste Euro 2016 e está com a estrelinha da sorte nos jogos a eliminar. Se frente à Croácia, o passaporte para os quartos-de-final veio a três minutos do final do prolongamento; com a Polónia, o acesso às meias-finais teve mesmo de esperar pelos penáltis, mas nenhum dos cinco jogadores vacilou no momento da decisão. E Rui Patrício deu o empurrão final ao defender o remate de Blaszczykowski. A Bélgica e o País de Gales vão decidir esta sexta-feira quem fará companhia à selecção nacional, em Lyon, no dia 6 de Julho. Será a última paragem antes da final de Paris.

Sem conseguir vencer qualquer das cinco partidas já disputadas em França no tempo regulamentar, Portugal lá vai galgando obstáculos sempre com grande dificuldade. Mas a verdade é que o surpreendente terceiro classificado do Grupo F já marcou presença entre os quatro semi-finalistas do torneio. Esta quinta-feira, teve de sofrer, mais uma vez, após ter permitido um golo madrugador logo a abrir o encontro. Mas, ainda antes do intervalo, Renato Sanches quis tornar memorável a sua estreia a titular em jogos oficiais da selecção. Um grande pontapé com o pé esquerdo da nova pérola do Bayern Munique manteve a sua equipa na discussão do apuramento e estará, certamente, entre os melhores golos deste Europeu.

Depois de quatro partidas em branco neste Europeu, Robert Lewandowski precisou apenas de dois minutos para colocar a sua selecção em vantagem no Estádio Vélodrome. Um golo madrugador, numa altura em que os jogadores nacionais ainda não estavam completamente concentrados no encontro, como foi o caso de Cédric. O lateral direito calculou mal a trajectória de uma bola e deixou-a chegar a Grosicki. O médio esquerdo polaco cruzou para o ponta-de-lança da equipa que, na zona de penálti, não foi cerimonioso.

Qualquer que fosse a estratégia montada por Fernando Santos para esta partida, caiu por base e a equipa não escondeu o abalo. Durante meia-hora, Portugal foi manietado e mesmo quando tinha posse de bola não conseguia ser criativo e, muito menos, furar a esforçada defesa eslava, que até foi dando alguns brindes. Sempre de olho nas transições atacantes, a Polónia era bem mais perigosa e até se deu ao luxo de trocar a bola, ao primeiro toque, na área portuguesa.

O primeiro remate dos portugueses chegou apenas aos 28’, após Nani ganhar uma bola e assistir Ronaldo que atirou para uma defesa fácil de Fabianski. Mesmo assim, estava dado o primeiro sinal. O empate poderia ter surgido aos 30’, se o árbitro do encontro tivesse assinalado um penálti claro sobre o capitão português, carregado na área por Pazdan. Não foi da marca do castigo máximo, mas seria de fora da área que a selecção nacional iria surpreender os polacos.

Renato Sanches, a novidade no “onze” de Fernando Santos, deu brilho a uma primorosa assistência de Nani de calcanhar e, com um remate potentíssimo com o pé esquerdo, bateu Fabianski e voltou a explicar ao mundo o porquê do Bayern Munique ter pago 35 milhões de euros ao Benfica pela sua contratação. Há apenas sete meses, o jovem de 18 anos andava pela equipa B dos “encarnados”, agora anda pelas bocas do mundo.

A partida voltava à estaca zero, mas desta vez seriam os polacos a acusar o toque. Portugal melhorou em termos exibicionais na segunda parte e só não resolveu a partida no tempo regulamentar, porque Cristiano Ronaldo ainda está longe de ser o CR7 do Real Madrid neste Europeu. Isso ficou particularmente patente aos 86’, quando teve a decisão da eliminatória na mão, mas não acertou na bola com o pé, isolado magistralmente por João Moutinho (que havia rendido, no entretanto, um exausto e amarelado Adrien).

Sem mais alterações no marcador, as duas selecções foram obrigadas, pela segunda vez consecutiva neste torneio, a acumular mais 30 minutos de futebol nas pernas. Portugal voltou a ser superior neste tempo-extra, pressionou mais, mas procurando não ser surpreendido pelas rápidas transições atacantes dos eslavos. Na verdade, ninguém quis arriscar demasiado e os penáltis foram mesmo uma realidade.

Se a Polónia fora feliz nesta lotaria no jogo anterior com a Suíça, desta vez esbarrou uma vez em Rui Patrício, depois de três remates felizes. O peso nos ombros e na consciência caiu sobre Blaszczykowski, mas poucos portugueses serão capazes de pronunciar o seu nome quando recordarem este momento. Do lado nacional, não houve percalços: Ronaldo deu o mote e inspirou Renato Sanches, João Moutinho, Nani e Quaresma. Portugal alcançou a sétima presença nas meias-finais de uma grande competição e a quinta num Europeu.

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