Portugal procura recuperar estatuto frente a uma Croácia moralizada

O triunfo frente à bicampeã Espanha reforçou a confiança da selecção balcânica. Fernando Santos vai mexer no “onze” e tem fé no apuramento.

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Quaresma a titular ou no banco é uma dúvida que Fernando Santos não esclareceu GONZALO FUENTES/Reuters

Se Portugal partiu para a primeira fase do Euro 2016 com expectativas elevadas, a Croácia chegou a França com um moderado optimismo. Mas uma coisa é certa, nenhuma das duas selecções esperaria encontrar-se nos oitavos-de-final da prova. Um cenário que só foi possível porque o conjunto balcânico se superou no seu agrupamento, ao contrário do desempenho frustrante da equipa nacional. Agora, depois de vencer a bicampeã Espanha, o adversário dos portugueses vai entrar de peito feito no Estádio Bollaert-Delelis, em Lens.

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Depois das exibições dos croatas nos três primeiros jogos deste Europeu é difícil entender a 27.ª posição que ocupam no ranking da FIFA, a par da Polónia (os portugueses são oitavos). Mas o facto demonstra que as estatísticas têm de ser relativizadas, assim como o histórico entre os dois adversários desta noite. Em três encontros, um oficial e dois amigáveis, Portugal ganhou sempre, marcou seis vezes e nunca sofreu golos. Na única partida a valer, disputada há 20 anos, na fase de grupos do Euro 1996, a equipa nacional venceu por 3-0, com golos de Luís Figo, João Pinto e Domingos Paciência.

Uma partida que surgiu num período de grande brilho das duas selecções, que apresentavam um leque de grandes futebolistas que, em ambos os casos, apelidaram de “geração de ouro”. Um pouco como agora. Na altura, brilhavam na Croácia jogadores como Suker (actual presidente da federação do seu país), Boban, Prosinecki ou Jarni. Hoje, o talento que desfila na equipa balcânica não fica atrás: Modric, Rakitic, Mandzukic, Perisic, Pjaca ou Srna.

Muitos destes jogadores são bem conhecidos de Fernando Santos, que defrontou os croatas quando liderava a Grécia, na qualificação para o Euro 2012. Empatou a zero bolas em Zagreg e venceu em casa, por 2-0. O seleccionador nacional lembrou isto mesmo, esta sexta-feira, em Lens, na antecipação dos oitavos-de-final.

Uma conferência de imprensa que começou com quase duas horas de atraso, depois da selecção ter optado por viajar para o norte de França de autocarro. O intenso trânsito provocou que a deslocação durasse praticamente quatro horas. Uma contrariedade que, somada ao facto de Portugal ter menos 21 horas de descanso em relação aos croatas, poderá ter algum tipo de influência na partida deste sábado.

Fernando Santos admitiu não saber em que condições físicas se vão apresentar alguns dos jogadores mais utilizados na fase de grupos, cinco dos quais são totalistas, tendo alinhado os 270 minutos. São os casos de Rui Patrício (menos preocupante face à sua posição em campo), Vieirinha, Pepe, Ricardo Carvalho e Cristiano Ronaldo. Uma situação que poderá implicar mexidas na equipa titular, nomeadamente no centro da defesa, onde José Fonte é candidato a ocupar o lugar do veterano jogador do Mónaco, que já acusou algum desgaste na última partida frente à Hungria, em Lyon, embora seja provável que inicie o jogo.

Mas as alterações no “onze” deverão ser mais alargadas. Raphaël Guerreiro está totalmente recuperado dos problemas físicos e voltará, provavelmente, ao lado canhoto da defesa, que cedeu a Eliseu na última ronda da fase de grupos. No meio-campo, William Carvalho e João Moutinho devem manter a confiança do seleccionador nacional, assim como João Mário no lado direito.

Mais incerto é quem ocupará a posição contrária. André Gomes tem sido o escolhido, mas a exibição apagada frente à Hungria poderá implicar outra solução, que passará por Adrien, Renato Sanches ou até João Mário, caso Quaresma alinhe de início no lado direito. Já no ataque não haverá novidades, com a dupla Nani e Cristiano Ronaldo a serem as principais setas apontadas a baliza de Danijel Subasic.

Frente a uma selecção croata que gosta de ter a bola e assumir o jogo, tal como Portugal, prevê-se uma partida bem diferente das primeiras três que a selecção disputou neste Euro. Ao contrário dos adversários da primeira fase, que se apresentaram muito fechados nas suas defesas e na expectativa do contra-golpe, a equipa balcânica promete um encontro bem mais dividido e aberto. O que pode ser vantajoso para o estilo de jogo dos portugueses. A segunda “final” da selecção nacional em França segue dentro de momentos e irá decidir o próximo destino: Marselha ou Lisboa.

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