O apuramento escapou, mas a imortalidade não

Selecção portuguesa esteve com os dois pés nos quartos-de-final do Europeu feminino, mas o sonho fugiu. Equipa nacional deu boa réplica à Inglaterra e só faltou um golo para evitar a queda na fase de grupos

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UEFA/DR

Durante largos minutos a selecção portuguesa teve nas mãos o mais improvável dos feitos: apurar-se para os quartos-de-final do Europeu feminino, na estreia absoluta em fases finais de grandes competições. A equipa nacional esteve a perder com a Inglaterra, empatou e, a espaços, chegou a dominar. O empate, conjugado com o triunfo da Escócia no outro jogo do Grupo D, assegurava um lugar na próxima fase do torneio – algo que poucos se atreveriam a vaticinar antes do Euro 2017, mas que esteve muito perto de acontecer. No segundo tempo, a Inglaterra melhorou, fez o 1-2 e ditou a despedida de Portugal do torneio. Faltou um golo para a noite acabar em glória.

Que ninguém se esqueça da selecção que representou Portugal nesta estreia em grandes competições. Uma equipa que partiu como praticamente anónima, mas regressa com uma posição conquistada por direito próprio. O que estas duas semanas na Holanda fizeram pelo futebol feminino português não pode ainda quantificar-se, mas valeu seguramente por anos de trabalho. Não se subiu só um degrau, foram vários.

A derradeira jornada do Grupo D do Euro 2017 reservava a Portugal o compromisso mais complicado: pela frente tinha a Inglaterra, quinta do ranking mundial e uma das favoritas à conquista do troféu. Com o apuramento praticamente garantido, o treinador Mark Sampson fez uma revolução na equipa, com dez mudanças. Mas não houve facilidades para a equipa portuguesa, que não podia ter começado pior. Logo aos sete minutos, um erro clamoroso da guarda-redes portuguesa ofereceu o golo à Inglaterra. A bola foi atrasada por Ana Borges e Patrícia Morais chutou fraco e contra a inglesa Toni Duggan, que sem problemas atirou para a baliza e inaugurou o marcador.

No entanto, a reacção de Portugal foi excelente e dez minutos depois surgia o 1-1. Diana Silva desmarcou-se pela direita após lançamento de Cláudia Neto, fez um primeiro passe cortado por Laura Bassett, mas à segunda encontrou Carolina Mendes na área, que só teve de encostar. A mesma jogadora que marcara o primeiro golo de sempre de Portugal, no triunfo sobre a Escócia, e que depois do jogo dizia: “Somos todas imortais”.

Portugal foi a primeira equipa a marcar um golo à Inglaterra no Euro 2017. Só isso já seria motivo de orgulho, mas a equipa nacional assumiu o controlo da partida e por pouco não fez o segundo. A dupla voltou a funcionar, com Diana Silva a fazer o cruzamento que Carolina Mendes, por milímetros, não conseguiu desviar de cabeça. As notícias que vinham do outro jogo do Grupo D eram animadoras: a Escócia já estava a vencer a Espanha, uma conjugação de resultados que colocava Portugal nos quartos-de-final do Euro 2017. E, assim, a selecção portuguesa foi para o intervalo com os dois pés nos quartos-de-final.

45 minutos separavam Portugal do sonho. Só que a Inglaterra melhorou após o intervalo e passou a dominar o encontro. Mal tinha começado a segunda parte e surgia o golo que devolveu as inglesas à vantagem: Nikita Parris passou por duas adversárias e, cara a cara com Patrícia Morais, não perdoou. Apesar das tentativas até ao final, faltou à equipa portuguesa o golo que permitiria avançar para os quartos-de-final. Mas que ninguém se esqueça destas jogadoras que por direito próprio se tornaram imortais.

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