Portugal enfrenta uma tarefa difícil no Europeu de equipas

Selecção nacional terá de contornar ausências de Nelson Évora, Sara Moreira ou Tiago Aperta para tentar subir de divisão.

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Reuters/MARKO DJURICA

A selecção nacional de atletismo participa de sexta-feira até domingo em Vaasa, no oeste da Finlândia, em mais uma edição do Campeonato Europeu de equipas, integrada na Primeira Liga do evento, que de facto corresponde à II divisão continental, já que a primeira se designa por Superliga — e desenrolar-se-á ao mesmo tempo em Villeneuve D’Ascq, em França.

Em competição com a equipa portuguesa, para subir de divisão ou para não descer, no pior cenário, à Segunda Liga, estarão Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Irlanda, Noruega, Roménia, Suécia, Suíça e Turquia. Ao contrário da sua antecessora, a denominada Taça da Europa, este campeonato europeu engloba na pontuação as equipas masculina e feminina, não havendo classificações separadas. O vencedor de cada prova marca 12 pontos, o segundo menos um e assim sucessivamente, até se apurar o resultado final.

Portugal não tem uma equipa homogénea — de resto, nenhuma das outras formações consegue esse equilíbrio total entre sectores — e a tendência natural será a de disputar um lugar na primeira metade da tabela. Em 2015, na edição anterior, o seleccionado luso acabou no quinto lugar, a 30 pontos do terceiro (o último que dava direito a subida), e não teve vitórias individuais. Desta vez, a equipa seguiu para Vaasa privada de atletas que poderiam chegar a vitórias individuais, como Nelson Évora, dispensado do triplo salto devido a lesão, ou Sara Moreira, lesionada na Corrida de de São João, no Porto. Ausências que podem pesar, até porque outras figuras de topo, como Jéssica Augusto e Ana Dulce Félix, grávida, também estão fora da competição.

O meio fundo volta a estar, assim, algo debilitado, mas é certo que Samuel Barata, chamado aos 5000m, foi campeão da distância em prova táctica (e neste Campeonato Europeu o meio-fundo costuma ser táctico), Hélio Reis, que estará nos 3000m, fez recentemente uma boa estreia na légua com 13m35,00s em Espanha, e Emanuel Rolim, o homem dos 800m e 1500m, já este ano bateu os recordes pessoais, com 1m49,10s e 3m37,16s.

Marta Pen, por seu lado, teve uns Campeonatos de Portugal curiosos, dado que alinhou nos 400m, e será a atleta a competir nos 800m e 1500m. Nesta segunda prova, em que fixou neste ano um máximo pessoal de 4m05,71s, pode dar-se bem numa corrida táctica.

Nas barreiras, Portugal vai passar dificuldades em ambos os géneros, sendo certo que Lecabela Quaresma, a heptatlonista prevista para os 100m barreiras, irá acumular esta prova com a do peso, em substituição da recentemente naturalizada – oriunda do Brasil - Francislaine Serra. Lecabela conseguiu, no passado fim-de-semana, o segundo melhor resultado de sempre para uma heptatlonista portuguesa, com 6174 pontos, e está próxima dos mínimos para os Mundiais de Londres.

Na velocidade, o sector masculino atravessa um bom momento, com Diogo Antunes a evoluir nos 100m, depois de ter assegurado o título nacional com 10,10s, com vento, e David Lima nos 200m, que confirmou no sábado encontrar-se na melhor forma de sempre ao fazer 10,21s no hectómetro. Lorène Bazolo também já se encontra ao seu melhor e a valer recordes nacionais em 100 e 200m, por isso, é de crer que possa pensar em pódios, no sector feminino.

Nos saltos, e em contraponto à ausência de Nelson Évora, avulta a presença de Patrícia Mamona na homóloga prova do triplo, uma incontestável favorita para ganhar. Do lado masculino, outro candidato sério ao triunfo neste sector é Diogo Ferreira, que no sábado passou 5,71m, um novo recorde nacional da vara. E Marcos Chuva, regular a 7,90m ou mais no comprimento, também surge entre os candidatos ao pódio.

Nos lançamentos, é no calendário masculino que Portugal apresenta mais credenciais, apesar da ausência no dardo do campeão nacional, Tiago Aperta. Tsanko Arnaudov, o melhor atleta dos Campeonatos de Portugal de há semana e meia, em Vagos, com 20,79m no peso, é favorito claro ao triunfo, e Francisco Belo, outro especialista do peso, vai estar na sua segunda melhor disciplina, no disco, na qual bateu em Vagos o recorde nacional, agora de 62,01m.

Tudo conjugado, Portugal pode aspirar mesmo a um lugar nos três primeiros, sendo certo que a luta pontual será renhida . As nações do norte da Europa, em concreto a Suécia, a Noruega e a Finlândia, são ainda assim as maiores favoritas.     

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