Furacão Cristiano arrasa no regresso feroz do campeão europeu

Os dois golos de Ronaldo em quatro minutos prometeram goleada histórica, negada pelo guarda-redes de Andorra (6-0).

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Cristiano Ronaldo foi o homem do jogo de Portugal contra Andorra AFP/PATRICIA DE MELO MOREIRA

Portugal puxou dos galões de campeão europeu e dinamitou nesta sexta-feira o principado de Andorra sem que este chegasse a encontrar tempo ou espaço para pensar ou perceber, sequer, a fúria com que Ronaldo e companhia lhes caíram em cima. A goleada (6-0) ficou, ainda assim, curta para bater recordes, mas serviu o objectivo de recolocar os heróis do Euro 2016 no trilho dos sucessos, guiados pela mão de um Cristiano imparável, a conseguir mais uma marca importante em ano de recordes e de afirmação como melhor do planeta.

Fernando Santos não deixava margem para dúvidas quanto à urgência de resolver o jogo da 2.ª jornada do Grupo B de qualificação para o Mundial 2018 e a melhor forma de fazer passar a mensagem nem sequer estava no dom da oratória, mas antes no código que os jogadores apreendem como poucos.

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Colocar André Silva ao lado de Cristiano Ronaldo dizia muito sobre as intenções e a forma como o seleccionador pretendia que se atacasse a modestíssima mas aguerrida selecção de Andorra. Para reforçar esta linha de acção, Fernando Santos abdicava ainda da figura do médio de cobertura. Em vez de colocar um homem a servir de tampão às saídas do adversário, Portugal optava por condicionar o jogo andorrenho antes de a bola chegar a sair da área contrária, com André Gomes e Moutinho a bloquearem todo o sistema nervoso central do inimigo. A verdade é que a estratégia não podia ter resultado mais perfeita, com Cristiano Ronaldo a simplificar a questão com uma entrada autoritária, com alguma brutalidade até na forma como colocou os pontos nos ii (golos aos 2’ e aos 4’).

O campeão europeu estava definitivamente de volta e nada poderia travar as intenções lusas. A menos que o deslumbramento, misturado com uma certa complacência do árbitro em matéria de penáltis — percebendo-se que Andorra teria que se exceder completamente para ser punida — e com algum azar (sobretudo de José Fonte e André Silva), abrisse um parêntesis que só João Cancelo seria capaz de interromper com o terceiro golo, segundos antes de as equipas recolherem para intervalo.

Nesse hiato, Andorra ainda fez um remate perigoso, provando que Portugal corria alguns riscos se se focasse no próprio umbigo e entrasse numa toada de rodriguinhos e quezílias que constavam no topo do guião dos andorrenhos.

Um guião que não contava com nova entrada em pleno de Portugal e de Ronaldo, a completar o póquer (47’ e 68’) e a levar os adversários ao desespero. As duas expulsões acabariam por fechar o ciclo e o cerco que Portugal montou junto à grande área. Fernando Santos guardava Gelson para a última substituição, ainda que muito a tempo de espalhar a magia e conferir o toque de irreverência que faltava para completar o quadro. Ao extremo do Sporting faltou o tónico do golo na estreia, proeza alcançada por André Silva a fechar as contas. Mas Gelson não esteve sozinho nesta luta, pois também Quaresma, Bernardo Silva, Moutinho ou André Gomes mereciam uma alegria que Josep Gómes não quis proporcionar.

A Figura: Cristiano Ronaldo

Vestia a camisola da selecção pela primeira vez depois da dramática final de Paris. E se em condições normais e atrai todas as atenções, nesta reaparição com a estreia de um novo parceiro de ataque, tornava-se numa figura incontornável. E Ronaldo não se fez rogado, surgindo em cena como um furacão, arrasando qualquer possibilidade de os andorrenhos levantarem a ponte levadiça e se isolarem. Os dois golos de rajada, nos primeiros quatro minutos, decifraram o enigma, deixando em aberto apenas a questão de estabelecer um novo recorde. Cristiano acalmou, mas voltou à carga para assinar um póquer (igualou Eusébio, Pauleta e Nuno Gomes com quatro golos num só jogo) e dizimar o adversário. 

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