A história começou na Roménia e vai prosseguir na Holanda

Um golo de Andreia Norton, aos 105+1', valeu o empate frente à Roménia e o consequente apuramento para o torneio, em 2017.

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Depois de 180 intermináveis minutos à espera dos golos (repetiu-se em Cluj o nulo do primeiro jogo, no Estádio do Restelo), a selecção feminina portuguesa acabou com o suspense e conquistou esta terça-feira, no prolongamento, o direito a ocupar a 16.ª e última vaga para o Campeonato da Europa de 2017.

O golo de Andreia Norton, aos 105+1’ — a culminar uma jogada perfeita que a própria jogadora do Sp. Braga forjou na raça, antes de o toque de classe de Cláudia Neto descobrir Ana Borges para a arrancada fulminante que cobriu Andreia e Portugal de glória —, acabou por valer por dois, garantindo a Portugal, a 8 de Novembro, um lugar no quarto pote do sorteio da fase final do torneio, que decorrerá na Holanda.

As romenas ainda igualaram (1-1) o jogo relativo à segunda mão do play-off de apuramento, mas o resultado foi insuficiente para aniquilar a ambição lusa, que assim aproveita da melhor forma o facto de o Europeu ter sido alargado para 16 selecções.

Andreia Norton podia até ter evitado o sofrimento dos últimos minutos, numa cavalgada a prometer um golo digno dos melhores compêndios. Mas faltou força e discernimento para garantir, logo ali, uma vitória inequívoca em solo romeno... o que, diga-se, soaria um pouco a injustiça face ao equilíbrio registado ao longo do play-off.

Aliás, sem esse elemento, sem a incerteza, sem a taquicardia e a transcendência, o momento histórico jamais teria o mesmo sabor refinado de um feito alcançado em cenário adverso, com contornos épicos, depois de desperdiçar uma vantagem merecida na primeira mão.

Certo é que à terceira foi de vez. Portugal está no palco dos sonhos, onde poderá celebrar com as melhores da Europa, compensando todo o desgaste acumulado, especialmente depois de o seleccionador, Francisco Neto, ter apostado no mesmo “onze”, gerindo até ao último fôlego uma qualificação que desafiou a vertigem. Um elenco composto maioritariamente por jogadoras que competem em Ligas estrangeiras (Inglaterra, Alemanha, Suécia, EUA e Brasil), oito, contra três “resistentes” do campeonato nacional.

Com as romenas, na sua maioria do Cluj, seguras do terreno que pisavam, Portugal conseguiu uma exibição personalizada, suportando o primeiro impacto, mantendo intactas todas as expectativas e acabando a primeira parte com ligeiro ascendente. Mas o equilíbrio era precário e o jogo mais directo colocava Portugal à prova, sublinhando os traços de carácter que ajudaram a equipa nacional a sobreviver à escalada de agressividade das romenas.

A selecção nacional mantinha a coesão e transformava a guarda-redes Patrícia Morais numa das principais figuras deste desafio. Mas a história estava ainda longe de entrar na sua fase decisiva.

Francisco Neto começava a pensar no prolongamento e mudava de velocidade, apostando em Diana Silva, e depois em Andreia Norton, definindo uma linha que incorporava Ana Borges no ataque. Entrava-se no período crítico, em que errar poderia revelar-se fatal. E Portugal — que ainda lamentava o penálti falhado em Lisboa — voltou a errar, poupando a Roménia quando tudo indiciava que Ana Borges tinha o cutelo na mão.

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Não foi no último minuto do tempo regulamentar, a passe de Diana Silva, seria no último minuto da primeira parte do prolongamento, depois de Patrícia Morais, com mais um punhado de defesas, apontar a Holanda no mapa. Portugal estava demasiado perto do sucesso para reprimir a adrenalina que a guardiã romena Paraluta fez disparar ao negar o sorriso rasgado a Cláudia Neto, parando um livre directo em que a “capitã” se limitou a ensaiar a explosão de alegria que reservou naquele passe picado para a história.  

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