Portugal adianta-se no ranking dos países que melhor vendem

O mês de Junho encerrou com o futebol nacional a dar cartas em matéria de receitas com vendas de jogadores, num contexto em que as contratações a custo zero representam mais de metade dos negócios.

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André Silva foi vendido pelo FC Porto ao AC Milan por 38 milhões de euros JOSÉ COELHO/LUSA

É apenas o primeiro de uma série de três capítulos que completarão o mercado de transferências de Verão 2017, mas os indicadores são promissores. Cumprido o mês de Junho, Portugal encabeça a lista dos campeonatos que mais dinheiro encaixaram com a venda de jogadores. Na qualidade de país exportador, esta tem sido a via seguida nos últimos anos e este atestado de vitalidade negocial vem apenas confirmar a qualidade da mão-de-obra desenvolvida em território nacional.

Vamos a números. De acordo com dados da FIFA, Portugal embolsou nada menos do que 67,5 milhões de euros neste período de 30 dias, um valor que em grande parte se explica à luz da venda de André Silva para o AC Milan (38 milhões), mas que não levará em linha de conta a mudança de Ederson para o Manchester City (40 milhões). Em causa estão apenas razões de ordem contabilística, já que o sistema regista a data do negócio no dia em que é solicitado o Certificado Internacional de Transferência e não no dia em que é oficializada a operação (no caso do guarda-redes, a venda foi publicamente concluída a 1 de Junho).

Mesmo nestas circunstâncias, Portugal suplantou a Holanda (31,1 milhões), a Itália (22,1), o Brasil (9,9) e Espanha (8,2) no capítulo das receitas com transferências. Do lado oposto da balança, o das compras, é a Inglaterra quem comanda, com 92,3 milhões de euros gastos entre 1 e 30 de Junho, o que configura uma diferença abissal face a Brasil (14,3), França (13,3), Bélgica (8,1) e Escócia (7,2 milhões).

De resto, Inglaterra também dita leis no volume de transferências, quer na chegada de jogadores (50), quer na saída (45). Neste último parâmetro, Portugal ocupa a terceira vaga do ranking, com 28 futebolistas a deixarem o país, atrás também do Brasil (36) e à frente da Escócia (24) e de Espanha (20). De destacar, nas Ligas com maior número de contratações, o aparecimento da Ásia em duplicado no top 5, com a Tailândia (32) e a Malásia (22).

Num breve olhar retrospectivo, constata-se uma ligeira quebra no volume das transferências e nas contratações de futebolistas face a Junho do ano passado (de 586 para 551 e de 188 milhões de euros para 178, respectivamente). A repartição dos dados também permite perceber uma tendência maior para assegurar reforços a custo zero, já que os jogadores sem contrato representam 62% do total dos negócios — as compras a título definitivo chegam apenas aos 16%.

Depois de um período de maior retracção no ataque ao mercado, especialmente nos anos de 2014 e 2015, os números do investimento voltaram a subir. Num raio temporal mais alargado, que abarca o primeiro semestre de cada ano, detecta-se um crescimento não só no número de transacções (em 2013 foram 5758 e em 2017 são 6957), mas também nos gastos (1031 milhões de euros há cinco anos e 1230 milhões agora).

Independentemente da data em que ficaram fechados — e do relatório que irão integrar nas contas da FIFA —, neste Verão os negócios que ocupam o pódio envolvem um português, Bernardo Silva. O médio que trocou o Mónaco pelo Manchester City, a troco de 50 milhões de euros, é o segundo reforço mais caro do actual defeso, só ultrapassado até à data pela recente contratação de Lacazette: pelo avançado francês, o Arsenal pagou 53 milhões de euros ao Lyon. Este valor, que suplantou os 47 milhões investidos em Mesut Özil, faz do goleador o mais caro reforço da história dos “gunners”.

A fechar este top3 provisório surge Mohamed Salah. O atacante egípcio levou o Liverpool a desembolsar 41,9 milhões de euros para o resgatar à Roma, com um contrato de cinco anos de duração.

Com muitos dos pesos-pesados europeus ainda a remodelarem os plantéis, a tendência é para a actividade do mercado disparar ao longo deste mês, sendo que a data-limite para inscrições, nos principais campeonatos, é 31 de Agosto.     

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