Penáltis e agressões

Samaris escapou à expulsão: aproveitou um aglomerado de jogadores para agredir a murro um adversário.

Há duas semanas, o Conselho de Arbitragem da FPF comunicou que, até final da temporada, para os jogos dos candidatos ao título, apenas seriam nomeados árbitros internacionais com a possibilidade de juntar a este lote o experiente Nuno Almeida. O assumir deste compromisso na gestão das nomeações terá tido por objectivo assegurar aos clubes envolvidos que os árbitros para os seus jogos serão sempre, em teoria, os melhores.

Carlos Xistra, no FC Porto-Benfica da passada semana, mostrou que a qualidade da nossa arbitragem não se limita aos dois do costume. Os dois do costume, Jorge Sousa e Artur Soares Dias, com Xistra e Hugo Miguel, estão naturalmente “guardados” para os jogos teoricamente mais complicados (Sp. Braga-FC Porto, Sporting-Benfica, Benfica-Vitória).

Foi, por isso, com naturalidade que vimos Fábio Veríssimo e Tiago Martins serem, nesta última jornada, indicados para os jogos de FC Porto e Benfica, respectivamente. Ambos, na minha opinião, excelentes árbitros e com brilhante futuro pela frente. Ambos, e isso é opinião generalizada, com actuações menos conseguidas nos ?respectivos jogos.

Fábio Veríssimo, no FC Porto-Belenenses, teve decisões difíceis para tomar. Três delas na área do Belenenses. Acertou em duas. Infelizmente, no que toca a lances de pontapé de penálti, não basta acertar na maioria. É necessário acertar em todos.

Tiago Martins, no Moreirense-Benfica, não pecou tanto pelas decisões técnicas mas sim pelas opções disciplinares. Luisão cometeu falta grosseira sobre Boateng, carregou o seu adversário pelas costas, com a sola da bota, no tendão de Aquiles e com alta velocidade e perigosidade para a integridade física deste. A rapidez do lance não terá permitido a Tiago ter a verdadeira noção da gravidade do lance e, talvez por isso, apenas tenha advertido o central. Com vídeo-árbitro (VAR) a decisão teria sido outra.

Também Samaris escapou à expulsão, aproveitou um aglomerado de jogadores para agredir a murro um adversário. Ninguém da equipa de arbitragem viu. Samaris ficou em campo. Com VAR a decisão teria sido outra.

Dramé, jogador do Moreirense, também escapou à expulsão por acumulação de amarelos. O árbitro viu o lance, assinalou a falta e decidiu não advertir o jogador. Com VAR não iria haver qualquer intervenção deste. Dramé continuaria em campo. O actual protocolo do VAR não prevê a sua intervenção em situações de segundo amarelo. Veremos se no futuro irá “evoluir” para abranger também esta situação.

Ainda as agressões. Aliás, outra vez as agressões.

Agressões a árbitros têm sido recorrentes, mas nunca poderão ser consideradas normais. Assim, sinto-me na obrigação de usar também este espaço para dar a conhecer estas tristes situações. Este fim-de semana foram três: em Viana do Castelo, num jogo das meia-finais da taça de futsal desta associação, um jogador terá agredido o árbitro. Na mesma associação, um jogo do campeonato distrital de futebol foi interrompido aos 72 minutos depois de o árbitro ter sido empurrado e ameaçado por um jogador. O terceiro caso, de que tive conhecimento, aconteceu no Campeonato Nacional de Seniores — Fase Subida, no jogo Fátima-Torreense, em que um adepto invadiu o terreno para agredir o árbitro. Episódios tristes e que nos devem envergonhar a todos.

Esta época são já quase 50 o número de casos que envolvem agressões a árbitros. E aqui estão apenas incluídos aqueles que são de conhecimento da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol. Todas as situações em que os árbitros não tenham pedido apoio judiciário à sua associação de classe, não estão incluídas neste número. É um quadro demasiado grave para um país dito de primeiro mundo!

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