Particular com Noruega baralha algumas contas de Fernando Santos

Defesa e meio-campo serão as principais dores de cabeça do seleccionador para a partida de estreia com a Islândia. No ataque, Quaresma e Éder querem mesmo ser alternativas a Ronaldo e Nani.

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Fernando Santos tem mais dois jogos particulares para tirar conclusões FRANCISCO LEONG/AFP (arquivo)

Ainda sem muitos dos prováveis titulares que irão iniciar o Euro 2016, o ensaio com a Noruega (3-0), deste domingo, serviu para Fernando Santos confirmar algumas certezas, mas também reforçou dúvidas ao treinador, nomeadamente no centro do terreno e na defesa. Se João Mário reafirmou que é um elemento incontornável no meio-campo, João Moutinho ainda não reencontrou o seu ritmo competitivo, nesta fase, e Adrien Silva parece surgir como o principal candidato ao “onze”. Na defesa, as principais dúvidas surgem nas laterais, onde as boas exibições de Cédrid e Raphael Guerreiro contra os nórdicos podem ter convencido o seleccionador. E Quaresma está apostado em tornar memorável esta derradeira oportunidade na equipa nacional.

Um jogador que começa a marcar posição na luta por um lugar na lateral direita, é Cédric Soares. Aos 24 anos, o jogador do Southampton respira confiança e, frente aos noruegueses, foi um elemento fundamental tanto a defender como a atacar. A intensidade que colocou em cada acção e a forma como combinou com João Mário nas missões atacantes, que resultaram no terceiro golo português frente aos nórdicos, terão contribuído para ganhar vantagem ao seu concorrente directo Vieirinha.

No lado canhoto da defesa, também Raphael Guerreiro impressionou, principalmente nas combinações atacantes no seu corredor. Esteve menos seguro defensivamente, mas o grande golo que apontou (o segundo em apenas seis internacionalizações), na cobrança de um livre directo tornaram a sua exibição memorável. Resta saber se foi suficientemente convincente para que Fernando Santos remeta para o banco de suplentes Eliseu, até agora o mais provável aposta do seleccionador para o lugar.

Ainda no sector defensivo, o guarda-redes Anthony Lopes demonstrou ser uma natural alternativa a Rui Patrício na defesa das redes nacionais, mas a verdade é que os nórdicos não lhe deram muito trabalho. Na memória fica a forma como evitou o empate norueguês, aos 32’, quando defendeu com as pernas um remate de King com selo de golo. Uma das raras situações de grande perigo criadas pelos nórdicos e muito por culpa do defesa central José Fonte, que deixou escapar o avançado adversário. Mais seguro no eixo esteve o veterano Ricardo Carvalho que continua, aos 38 anos, a ser o mais forte candidato a fazer dupla com o incontestável Pepe.

No meio campo, sobrou uma sensação mista após o confronto com a Noruega. João Mário foi o elemento em maior evidência e não apenas pela forma como serviu Éder para o terceiro golo português. O médio “leonino” é uma fonte de talento com a bola nos pés e simplifica no processo defensivo, surgindo em França como um forte candidato a ser uma das revelações do torneio. Menos efusivo foi o seu companheiro de equipa William Carvalho, melhor a proteger a sua área (apesar de alguma falta de agressividade) do que nas transições atacantes.

Exibição pálida, teve ainda João Moutinho. O médio do Mónaco já terá ultrapassado uma lesão que o afastou durante um mês dos relvados, mas ainda acusa falta de ritmo e o meio campo português ressentiu-se. Acabou por ser o primeiro jogador a ser substituído, entrando para o seu lugar Adrien Silva, que voltou a dar verticalidade à equipa. As duas próximas partidas particulares deverão definir qual dos dois dará melhores garantias para defrontar a Islândia, uma equipa que se assemelha, na forma de jogar, ao conjunto norueguês.

Mais encostado à esquerda, André Gomes teve igualmente uma postura discreta, muito devido às inúmeras incursões que Ricardo Quaresma foi protagonizando no seu sector. Rafa Silva é outro natural candidato à posição, mas também não deslumbrou na meia-hora que jogou no Dragão, apesar das tentativas de imprimir velocidade no seu flanco. Outra possibilidade (ainda que mais remota) para esta posição seria Renato Sanches, que este domingo foi lançado para os últimos 18’ do encontro, inicialmente para o lugar de João Mário, na direita. Foi uma oportunidade para Fernando Santos estudar o que o jovem benfiquista pode contribuir para o colectivo alinhando a partir de uma ala. O tempo foi, no entanto, curto para uma avaliação mais rigorosa.

No ataque, ainda sem Cristiano Ronaldo e Nani, os “reservas” Quaresma e Éder acabaram por dar conta do recado. De regresso a um estádio onde viveu inúmeras noites de glória, o extremo do Besiktas pode não ser o jogador ideal para respeitar rigorosamente os planos tácticos de Fernando Santos, que o pretenderia ver mais perto de Éder frente aos noruegueses, mas continua a ser um mestre do improviso e da magia. Com um grande remate em arco com o pé direito abriu o marcador, logo aos 13’, retirando muita pressão à equipa nacional. A sua exibição poderá ainda não ser suficiente para convencer o seleccionador a conceder-lhe a titularidade em França, mas deixou claro que será a mais forte alternativa atacante a sair do banco.

Já o contestado Éder terá suavizado muitas das críticas que lhe têm sido dirigidas pelos seus fracos índices finalizadores. Apontou o seu segundo golo (em 24 internacionalizações), falhou outros dois, mas pareceu, desta vez, um elemento menos estranho à equipa.

Frente à Noruega fica para a história o resultado (o mais dilatado da era Fernando Santos), mas do que a exibição. Pela frente, avizinham-se mais duas partidas de preparação para serem retiradas as conclusões finais, a próxima frente à Inglaterra, já na próxima quinta-feira (19h45), em Londres, antes do derradeiro teste, com a Estónia, no Estádio da Luz, no dia 8 (19h45).

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