Jelena Ostapenko atacou Roland Garros do princípio ao fim

A letã venceu a final feminina de Roland Garros e inscreveu o seu nome numa série de registos históricos. Com apenas 20 anos é, sem dúvida, uma tenista a seguir nos próximos tempos

Jelena Ostapenko
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Jelena Ostapenko Reuters/BENOIT TESSIER
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A relação de Jelena Ostapenko com Roland Garros até este ano resume-se rapidamente: perdeu sempre na estreia (no torneio de juniores, em 2014; no ano seguinte, no qualifying do torneio profissional, e, em 2016, no quadro principal). Nesta edição do torneio francês, a tenista da Letónia parecia ir ceder ao destino quando viu a sua primeira adversária, a norte-americana Louise Chirico, distanciar-se para 6-4, 2-0, quando tudo mudou. Ostapenko venceu esse primeiro encontro, e outro e outro até chegar à final e... tornar-se na inesperada campeã de Roland Garros, o único dos quatro torneios do Grand Slam, que é disputado na terra batida, lenta, e que exige maiores capacidades físicas e tácticas. Ostapenko contariou todas as teorias: jogou sempre ao ataque.

E para contrariar aqueles que a “acusavam” de chegar ao derradeiro dia sem ter enfrentado uma “top-10” – Caroline Wozniacki (12.ª), foi a mais cotada das seis adversárias anteriores – a letã derrotou Simona Halep, a número cinco na hierarquia mundial, por 4-6, 6-4 e 6-3, concluindo o encontro de duas horas com 54.º winner. Desde o primeiro ponto que disputou em Paris, Ostapenko acumulou 299 winners!

“Sempre tive a capacidade de bater forte na bola. Se tenho a oportunidade de o fazer, tento e tem-me ajudado bastante”, admitiu Ostapenko, cuja pancada de direita é cronometrada a uma velocidade média de 117km/h – mais rápida que a bola de Andy Murray, líder do ranking masculino...

Além da capacidade de ditar o rumo de um encontro graças à potência das pancadas (com excepção do serviço), Ostapenko junta uma atitude positiva e nunca acusou o facto de estar a estrear-se numa final do Grand Slam, ao contrário de Halep, que já perdera a final francesa de 2015, para Maria Sharapova. “Dormi muito bem e não estive nervosa até cinco, dez minutos antes do encontro. Depois entrei no court e senti-me solta, até estar a perder no segundo set. Aí pensei: ‘não tenho nada a perder, por isso vou tentar disfrutar do resto do encontro e lutar em cada ponto. Então, mantive-me agressiva e virei o encontro”, resumiu mais tarde.

A final começou com aquilo que foi uma tendência: quebra de serviço e contra break. No set inicial, Ostapenko foi vítima do elevado número de erros não forçados (23) e a romena ganhou-o com apenas um winner. O mau momento continuou na segunda partida, em que Halep liderou por 3-0, com um break-point para 4-0.

No início do torneio, as casas de apostas pagavam 100/1 a quem apostasse em Ostapenko para vencedora. A meio do segundo set (4-6, 0-3), a cotação ainda estava a 25/1... Mas a forma como saiu dessa situação e os quatro jogos consecutivos que venceu, colocaram-na como favorita do público. Essa recuperação despertou Ostapenko. Mas no set decisivo voltou a entrar mal e viu Halep a servir a 3-1.

Ostapenko chegou a Paris como teenager de 19 anos e 47.ª no ranking mundial; saiu com 20 anos e no 12.º lugar da tabela WTA. “Ainda tenho de melhorar algumas coisas para ser uma jogadora ainda melhor”, reconheceu a jovem, a primeira tenista desde 1933 a ganhar Roland Garros sem constar da lista de cabeças de série. Mas Ostapenko fez mais. É também a primeira a vencer a final feminina depois de perder o set inicial desde 1991; é a mais jovem vencedora do torneio desde 1997 (Iva Majoli, com 19 anos); é a primeira mulher (ou homem) a conquistar o seu primeiro título do circuito principal num torneio do Grand Slam desde Guga Kuerten, precisamente a 8 de Junho de 1997, o dia do nascimento da jogadora; é a mais jovem a conquistar um primeiro título do Grand Slam desde 2004 (Svetlana Kuznetsova no Open dos EUA); é a mais jovem a triunfar no Grand Slam desde 2006 (Maria Sharapova no Open dos EUA). Ostapenko é um nome a seguir.

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