Os pilares desgastados do CSKA já fizeram mossa ao Benfica

Campeão nacional entra em cena na Liga dos Campeões diante de um adversário que tem qualidade no meio-campo e veterania para dar e vender na defesa.

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Karadas e Ignashevich, no CSKA-Benfica de 2005 Sergei Karpukhin/Reuters

Um olhar mais analítico sobre o habitual “onze” do CSKA Moscovo permite detectar dois traços identitários que se sobrepõem a todos os outros: um meio-campo de primeira linha para os padrões do futebol russo e um tridente defensivo que se confunde com a história do clube neste século. Juntos, os irmãos Berezutsky (Aleksei e Vasily) e o terceiro central Sergei Ignashevich elevam a idade do sector mais recuado da equipa para os 108 anos, a uma média de 36 anos por elemento. Mas o que poderá ser o calcanhar de Aquiles do primeiro adversário do Benfica na Liga dos Campeões 2017-18 é, antes do encontro desta noite, um mural de más recordações.

Aleksei faz já parte da mobília desde 2001, data de chegada a um clube que temporariamente jogava no recinto do Dínamo Moscovo, enquanto o projecto do actual VEB Arena não saía do papel. O irmão, Vasily, juntou-se-lhe um ano mais tarde, completando-se o “círculo” defensivo em 2004, com a contratação de Ignashevich ao Lokomotiv. Este trio, que hoje continua a merecer a confiança do conceituado treinador Viktor Goncharenko, já então marcava posição no “onze” de um CSKA que mediu forças com o Benfica — pela primeira e única vez até à data — nos 16 avos-de-final da Taça UEFA de 2004-05.

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Correu mal a vida aos “encarnados”, então orientados por Giovanni Trapattoni. Na primeira mão, perderam por 2-0 num encontro realizado em Krasnodar, com o primeiro golo a ser apontado por Vasily Berezutsky (12’). Na segunda mão, no Estádio da Luz, os “encarnados” não foram além de um empate e acabaram eliminados, também graças a um golo de Ignashevich (49’).

Mais de uma década depois, a experiência foi-se acumulando na defesa do CSKA, equipa que joga habitualmente em 3-5-2, com os laterais projectados (Mário Fernandes à direita e Schennikov ou Nababkin, que não foi convocado, à esquerda), mas Rui Vitória prefere olhar também para as ameaças e não somente para as oportunidades.

“Vamos encontrar um adversário difícil, que tem tido resultados positivos fora de casa. Vai-se apresentar de uma forma bem definida, com um bloco de três defesas que facilmente passa a cinco, com uma dupla de avançados móveis. É um adversário de qualidade, tem coisas que podemos aproveitar e também tem coisas que nos podem condicionar. A este nível, os pormenores podem fazer a diferença”, alerta o treinador do Benfica, sem avançar pistas sobre a equipa que hoje subirá ao relvado.

A única certeza é que nem Fejsa, nem Jardel se treinaram ontem sem limitações, o que indicia que deverão voltar a ficar de fora. Já o espanhol Grimaldo é uma hipótese para o lado esquerdo da defesa, tal como Júlio César está em condições de discutir a titularidade na baliza. Nas alas, Salvio deverá regressar ao “onze” inicial depois de ter começado no banco o encontro diante do Portimonense, no sábado.

A esse respeito, o do cruzamento entre as realidades doméstica e europeia, Rui Vitória faz questão de separar as águas. “Não podemos pôr tudo dentro do mesmo saco. Nesta jornada, nos seus campeonatos, as equipas do nosso grupo todas tiveram dificuldades. Na Liga dos Campeões é diferente, os jogos têm características diferentes. Há uma série de coisas que nada têm a ver com o campeonato”, assinalou o técnico, que há duas épocas se estreou na Champions com um triunfo (2-0) diante do Astana e que na época passada empatou no jogo de arranque, diante do Besiktas (1-1).

Ao contrário do Benfica, para chegar a esta fase de grupos, o CSKA teve de cumprir trabalho extra na UEFA. E fê-lo com distinção, ao ganhar os quatro jogos europeus no âmbito da 3.ª pré-eliminatória e do play-off, eliminando AEK Atenas e Young Boys. De resto, Viktor Goncharenko (que iniciou a carreira de treinador principal aos 30 anos) está habituado a impressionar nas provas europeias, depois de ter transformado o BATE Borisov na primeira equipa da Bielorrússia a chegar à fase de grupos da Champions, em 2008.

Em Moscovo, porém, o grau de exigência é outro, já que o CSKA chega a este patamar europeu pela quinta vez consecutiva. E o técnico, de poucas palavras, deixou ontem uma garantia: “Estamos preparados.”

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