Antigos responsáveis policiais enfrentam acusações pela tragédia de Hillsborough

O pior desastre desportivo da história do Reino Unido aconteceu em 1989, numa meia-final da taça. Morreram 96 pessoas.

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Familiares das vítimas, que foram informados sobre a decisão do juiz em privado, pouco antes da decisão ter sido tornada pública, abraçam-se em Warrington, no Reino Unido Reuters/ANDREW YATES

O Ministério Público britânico apresenta, esta quarta-feira, processos de imputação criminal contra seis indivíduos, entre os quais agente graduado da polícia de South Yorkshire David Duckenfield, responsável pela operação de segurança da meia-final da Taça da Inglaterra entre o Liverpool e o Nottingham Forest que, a 15 de Abril de 1989, terminou da pior forma com a morte de 95 pessoas no Estádio de Hillsborough, em Sheffield. Os outros cinco indivíduos são acusados pela morte de uma 96.ª vítima, quatro anos após a tragédia de Hillsborough.

David Duckenfield é acusado de homicídio por negligência de 95 homens, mulheres e crianças. Norman Bettinson, que na altura ocupava o cargo de inspector-chefe da polícia de South Yorkshire, enfrenta quatro acusações de má conduta num cargo público — por alegadas mentiras em que culpabilizava os adeptos pelo incidente. Graham Mackrell, ex-secretário do Sheffield Wednesday (dono do estádio) é acusado de não respeitar a segurança e o bem-estar dos adeptos e de não cumprir a legislação britânica relativa à segurança dos recintos desportivos. Peter Metcalf, então advogado da Polícia de South Yorkshire, é acusado de alteração de declarações de testemunhas. O ex-superintendente Donald Denton é acusado de perverter o caminho da justiça, tal como o ex-chefe de Departamento, Alan Foster.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, felicitou o facto de que as acusações terem sido apresentadas e afirma que esta quarta-feira será um dia de "sentimentos ambíguos" para as famílias.

Este incidente levou os responsáveis do futebol inglês a mudarem as regras de segurança nos estádios, entre as quais a eliminação das zonas de “peão” por cadeiras e o desaparecimento das vedações, como símbolo de respeito pelas vítimas.

Em 2016, já tinha sido determinado que o incidente de 1989 não tinha sido um mero acidente. Numa decisão de um tribunal de júri de Warrington, concluiu-se ainda que houve erros da polícia inglesa que contribuíram para a tragédia.

Desde Março de 2014, mais de 800 testemunhos foram ouvidos em sede inquérito. Um novo inquérito tinha sido ordenado dois anos antes, após a forte pressão por parte das famílias das vítimas, na sequência da anulação de um veredicto inicial, que apontava para a morte acidental dos 96 adeptos.

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