O final de época e a final da Taça

Terminaram os campeonatos profissionais. Já se sabe quem foi o campeão, quem vai às competições europeias e quem desceu. Todos conhecem a sua classificação.

Todos... menos os árbitros. Estes, terão ainda de esperar, pelo menos, mais duas semanas até saberem os resultados da sua época.

Os árbitros, como as equipas, também definem objectivos para a sua época. Conscientes das suas performances e avaliações ao longo do ano há, neste momento, um pequeno grupo de árbitros que acredita poder estar na luta para ser “o campeão”. Outros, sentem que os seus desempenhos durante a época não lhes permitem pensar em estar no topo da tabela, mas acreditam que podem estar “descansados”. Alguns vão viver duas semanas de angústia na perspectiva de poderem ser aqueles que vão descer.

Para um árbitro principal, descer da categoria C1 para C2 significa, muitas vezes, o fim de uma carreira. Mesmo que o árbitro continue a arbitrar no Campeonato Nacional de Seniores (CNS), porque a paixão pela função assim o “obriga”, irá vivenciar dois choques brutais: a diferença de rendimentos relativamente ao que auferia no futebol profissional (um jogo do CNS “dá” ao árbitro cerca de 330 euros e um jogo da Liga NOS permite-lhe facturar perto de 1400 euros) e a diferença competitiva e organizacional da competição.

Alguém terá de descer. Alguém terá de ser o primeiro classificado. Quando saírem as classificações não deixarei de comentar e tentar explicar os resultados.

No próximo fim-de-semana realiza-se a final da Taça de Portugal. Hugo Miguel foi o árbitro escolhido pelo Conselho de Arbitragem. Paulo Soares e Nuno Roque serão os árbitros-assistentes e Rui Costa será o quarto-árbitro. Desde que o Marco Ferreira apitou “este” jogo e desceu de categoria que a final da Taça deixou de ser vista como um prémio de época ou de carreira. Não deixa, no entanto, de ser o jogo que todos os árbitros gostariam de ter no seu curriculum. Parabéns, por isso, a esta equipa de arbitragem por merecer estar nesta final.

Este será o primeiro jogo oficial em Portugal em que a equipa de arbitragem contará com o apoio, online, do videoárbitro (VAR). Artur Soares Dias e Jorge Sousa serão os árbitros que irão desempenhar essa função. São dois dos árbitros que, no mundo, já tiveram mais formações e experiências nesta função. São eles que têm a responsabilidade de fazer com que a primeira experiência online do videoárbitro em Portugal seja positiva. E vai ser!

Para a próxima época não serão estes dois árbitros, seguramente, os que mais vezes estarão a olhar para os monitores nesta função. Serão outros, com pouca ou nenhuma experiência na função. O futebol em Portugal, mais concretamente a arbitragem, não vai ter dores de crescimento vai ter um choque de evolução. Já escrevi anteriormente sou totalmente a favor do videoárbitro. Tenho, no entanto, dúvidas sobre a preparação dos nossos árbitros, e já agora do nosso futebol, para esta abrupta decisão de implementação deste sistema.

As competições internacionais em que árbitros com pouco contacto com este sistema são colocados a utilizá-lo não têm corrido propriamente bem: demasiado tempo para avaliar uma situação, interrupções indevidas, más decisões...

Voltando à final da Taça de Portugal, não duvido que o Jorge e o Artur farão um trabalho excelente. Darão uma imagem muito positiva, em termos nacionais e internacionais, das potencialidades deste sistema. Isto, claro está, se o Hugo Miguel e restante equipa deixarem. Não havendo erros em campo, não há motivos para intervenção dos videoárbitros. Isso é o que se deseja. Isso é o que desejo à equipa de arbitragem.

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