FC Porto ligou os máximos no meio do temporal

"Dragões" venceram o Boavista, no Estádio do Bessa, por 5-0, com dois golos de Aboubakar.

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Francisco Leong/AFP

Às nuvens negras que têm pairado nos últimos dias sobre o Olival juntou-se neste domingo um temporal típico de Inverno. No Estádio do Bessa, o 105.º derby da cidade do Porto no campeonato teve direito a chuva, vento, lesões, golos e empenho q.b. de Boavista e FC Porto. Os “dragões”, em fase de transição, reabilitaram os índices de confiança com uma goleada de mão-cheia (5-0) e fecham a primeira volta da prova a quatro pontos do líder. Rui Barros cumpriu mais do que os mínimos no primeiro capítulo da versão de transição dos “azuis e brancos”.

Pela primeira vez na última época e meia, não foi o nome de Julen Lopetegui a ocupar o espaço reservado ao treinador do FC Porto na ficha de jogo. Rui Barros, o bombeiro de serviço, foi chamado a apagar um foco de incêndio que nunca chegou a ser verdadeiramente ameaçador. Até porque o Boavista, claramente inferior em todos os capítulos do jogo, só conseguiu ser superior ao adversário no infortúnio.

O 4-4-2 losango desenhado por Erwin Sánchez cedo se mostrou insuficiente para um FC Porto que, sem mexidas no “onze” inicial, assegurou que os dois médios interiores pisavam terrenos mais adiantados do que tem sido habitual. E foi justamente dos seus pés que nasceu o primeiro golo: passe teleguiado de André André, recepção no peito, pirueta e finalização cirúrgica de Herrera, que marcou pelo segundo jogo seguido.

Aos 12’, os “dragões” impunham aos “axadrezados” a primeira contrariedade. A segunda e a terceira foram da responsabilidade do destino, com Tengarrinha a lesionar-se no joelho a meio da primeira parte (foi rendido por Renato Santos) e Henrique a seguir-lhe as pisadas perto do intervalo (entrou Anderson Correia para o lugar do central).

Foi já, pois, um Boavista remendado aquele que saiu das cabinas para retomar o encontro após o intervalo. E, como o FC Porto teve o mérito de não afrouxar o ritmo, os problemas avolumaram-se. Logo aos 47’, André André isolou Aboubakar, que perdeu o duelo com Gideão — mas a história continuaria um pouco mais adiante. A chuva continuava a cair em todo o relvado, enquanto as ocasiões de golo pendiam só para o interior da área boavisteira.

Aos 62’, o talento de Corona veio ao de cima. Diagonal interior que começou no flanco direito, drible sobre dois adversários (Idris foi demasiado passivo) e conclusão perfeita, com remate em arco para o segundo poste. Estava feito o 0-2 e o Boavista parecia já não ter forças para reagir.

Com mais espaço, a largura do futebol dos “dragões” veio ao de cima, com a subida dos laterais e até as incursões dos médios interiores. Aos 71’, Layún proporcionou a Aboubakar um novo capítulo do duelo com Gideão e, desta vez, o camaronês só teve de encostar. Aos 80’, o cruzamento saiu do outro lado, de Danilo, e o ponta-de-lança bisou com um cabeceamento facilitado pela apatia dos centrais.

O melhor que os anfitriões conseguiriam seria um golo anulado por fora-de-jogo de Uchebo, aos 74’, mas o lance duraria pouco tempo na memória, especialmente depois daquele desvio acrobático de Danilo, aos 90+3’, que chamou a si todas as atenções. Canto da esquerda e toque de calcanhar de primeira para o segundo poste.
Era o desenlance perfeito para um FC Porto a precisar de recuperar a chama. O jogo terminava ainda com chuva no horizonte, mas as nuvens para os lados do Dragão prometem ser um pouco menos carregadas ao longo dos próximos dias.

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