O "pior esquiador do mundo" nunca tinha visto neve

Adrián Solano representou a Venezuela no Campeonato do Mundo de esqui. Sem nunca ter visto neve, deslocou-se à competição mas antes ainda enfrentou uma ordem de deportação em França.

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LUSA/PETER KLAUNZER
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Reuters/KAI PFAFFENBACH
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Adrián Solano tem 22 anos e representou a Venezuela no Campeonato do Mundo de esqui na cidade de Lahti, na Finlândia. Acabou desqualificado, mas é ele quem faz notícia um pouco por todo o mundo. Isto porque é, provavelmente, o primeiro esquiador que entra na competição sem nunca ter visto… neve.

Mas a história de Solano ultrapassa até o facto de nunca ter tido contacto com neve. A odisseia para chegar à Finlândia foi interrompida a meio por uma deportação em França. Foi o próprio que contou à AFP que tinha como intenção viajar até à Suécia um mês antes do campeonato do mundo para treinar em neve verdadeira. Isto porque, a única experiência que tinha era os treinos que realizava nos esquis sobre rodas, na Venezuela.

Por isso, a 19 de Janeiro aterrou em Paris para depois voar até à Escandinávia. “Só tinha 28 euros comigo quando cheguei a Paris e a polícia pensou que estava a fugir do meu país porque as coisas vão mal [na Venezuela] ”, relatou à AFP. “Discriminaram-me por causa da roupa, pela minha cara, pela minha aparência”, contou. As autoridades não acreditaram que Solano estava a dirigir-se para Campeonato do Mundo de esqui. E por isso deram-lhe ordem de volta para a Venezuela. Depois de ter recorrido ao consulado venezuelano tudo acabou bem. Foi mesmo para a Finlândia para competir com os melhores do mundo na modalidade, na competição que se iniciou esta quarta-feira e que dura até ao próximo dia 5 de Março.

A prova é que não correu assim tão bem, valendo-lhe o epíteto de "pior esquiador do mundo". Apenas completou cinco dos dez quilómetros da corrida. Tentando equilibrar-se durante todo o tempo em que permaneceu em prova e várias quedas depois, Solano manteve sempre o sorriso na cara. Apesar de tudo, cumpria o seu sonho.

A história chegou à política. A ministra dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou no Twitter que o Governo de Nicolás Maduro vai apresentar um “forte protesto” junto de Paris por causa da ordem de deportação do esquiador.

Adrián Solano não se deixa afectar por nada disto, e promete reunir os recursos financeiros suficientes para voltar aos treinos e regressar ao campeonato do mundo.

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