O “cholismo” vai estar em exibição no Allianz Arena

O Bayern, de Pep Guardiola, terá que derrotar o Atlético de Madrid, de Diego Simeone, para chegar à final da Liga dos Campeões

Foto
Guardiola e Simeone, os treinadores das duas equipas AFP

Criticado por muitos e elogiado por outros, Diego Simeone garante que não perde tempo a pensar nisso. “El cholo”, nome como é conhecido o técnico argentino do Atlético de Madrid, entrará nesta terça-feira no Allianz Arena em vantagem no duelo com Pep Guardiola e assegura que se manterá fiel ao “cholismo”, o estilo de jogo guerreiro que recolocou os “colchoneros” no topo do futebol espanhol e europeu. No adeus a Munique em jogos da Liga dos Campeões no papel de treinador anfitrião, Guardiola reconhece que terá pela frente uma missão “muito difícil”, mas diz que “tudo se resolve”, dando como exemplo um confronto na Liga dos Campeões frente a José Mourinho.

“Também joguei uma meia-final no [Estádio] Bernabéu contra o Mourinho, a relva estava alta e ganhamos.” O duelo já tem cinco anos e Guardiola ainda era treinador do Barcelona, mas o catalão foi ao baú das memórias buscar um frente a frente com o Real Madrid para deixar claro que acredita ser possível quebrar a tradição desde que assumiu o comando dos bávaros: nas duas últimas temporadas, o Bayern caiu na antecâmara do jogo decisivo da Champions frente a equipas espanholas (Real Madrid, em 2013-14, e Barcelona, em 2014-15).

Tal como aconteceu nos duelos com “blancos” e “blaugrana”, o Bayern chega à segunda mão da meia-final em desvantagem, após ter perdido em Espanha, e Guardiola diz que os germânicos precisam de apresentar o “melhor rendimento” para, três anos depois, voltarem a disputar a final. Sobre a estratégia a apresentar, o treinador pede cautelas: “Não devemos pensar em quantos golos temos de marcar. Temos primeiro de pensar em defender bem e em controlar o jogo. Queremos ter posse de bola e queremos golos. O Atlético defende muito bem, mas também é bom no ataque. É complicado defrontar uma equipa como a deles. Eles conhecem-se muito bem. Vamos criar oportunidades, mas talvez não muitas.”

Sem o defesa Holger Badstuber e o extremo Arjen Robben, ambos lesionados, Guardiola deixou no ar a possibilidade de Franck Ribéry ser um dos trunfos a utilizar – “treinou e é uma opção, veremos se jogar de início, mas é muito importante para nós” -, e deixou rasgados elogios a dois dos seus atletas. “Encantado” com Douglas Costa, Guardiola diz que o brasileiro é uma peça “fundamental” no Bayern, tendo sido o responsável por “muitos golos de Lewandowski e Müller”. Arturo Vidal foi o outro atleta merecedor de palavras abonatória: “Transmite muito à equipa. Joga como se estivesse no pátio da sua casa.”

Costa e Vidal terão um papel decisivo numa luta a meio campo que Guardiola prevê ser “intensa e decisiva” pela “qualidade dos médios” dos “rojiblancos”. “Sou um fã absoluto dos médios. Juntam-se muito bem e estão sempre compactos, por isso é complicado meter-lhes a mão”, analisou o treinador espanhol.

Apesar de estar muito perto de conseguir a colossal proeza de qualificar o Atlético de Madrid para a final da Liga dos Campeões pela segunda vez em três anos, Simeone e o seu “cholismo” continua a ser alvo de críticas. Entrevistado por Jorge Valdano, Xavi Hernández disse que “uma equipa grande como o Barcelona ou o Real Madrid não pode jogar como joga o Atlético de Madrid. Não desfruto vendo uma equipa que se fecha”. Confrontado com as declarações do ex-jogador do Barcelona, que joga actualmente no Qatar, na antevisão do jogo desta noite, Simeone começou por dizer que “respeita todas as opiniões”, mas não deixou de lado algum sarcasmo: “O futebol permite que todos opinem e todos temos razão.” Garantindo que não perde” tempo a pensar” nas críticas ao estilo do Atlético, Simeone diz que apenas se preocupa em ganhar. “É para isso que trabalho, não é para agradar a ninguém. Trabalho para o meu clube, para quem me paga. O nosso trabalho dos últimos anos está agora a colher os dividendos. Temos rapazes experientes misturados com novos jogadores e eles estão contentes por trabalharem em conjunto. E isso reflecte-se nos nossos resultados", atirou “El cholo”.

Perspectivando o jogo de Munique, o argentino diz que os jogadores do Atlético terão que ser “inteligentes como na primeira mão.” “Todos os jogos são diferentes. Queremos ganhar, essa é a nossa estratégia. Queremos fazer um bom jogo e desfrutar do nosso sucesso. Mas acima de tudo, o que mais interessa é chegar à final”, concluiu Simeone.

Sugerir correcção
Comentar