Nuno agradece a Mourinho, mas está impaciente para ganhar em Inglaterra

Regresso de Maxi Pereira aos eleitos devolve ao FC Porto o ímpeto necessário para mudar o rumo da história, perante um Leicester City traiçoeiro.

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Carl Recine/Reuters

Com Maxi Pereira nos convocados para o jogo de Leicester, o FC Porto acredita ser possível recuperar, mesmo num território maldito, o ímpeto e a ambição retraídos pelo empate com o Copenhaga na jornada inaugural da Liga dos Campeões.Inspirado pela reviravolta operada no “derby” da Invicta, Nuno Espírito Santo terá de apelar à chama e à astúcia de uma equipa capaz de gerir o ambiente frenético que marcará a estreia, em casa, do campeão inglês na Champions.

Do encontro do conto de fadas com a mitologia, nasce o imaginário de La Fontaine, com Claudio Ranieri a desempenhar na perfeição o papel de velha e traiçoeira raposa, estendendo o tapete e convidando o adversário a reclamar o estatuto de equipa extraordinariamente experiente na prova milionária, acreditando poder retirar dividendos de um compreensível deslumbre. O treinador italiano acena com Slimani, soltando o demónio dos portistas, embora deposite em Jamie Vardy a esperança de surpreender os centrais do FC Porto, perspectivando-se uma luta intensa pelo controlo de um sector instável.

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Consciente das contingências deste embate, o treinador dos “dragões”, Nuno Espírito Santo, não precisa que lhe enviem as coordenadas do jogo, mantendo-se sob a capa de técnico menos rodado para, com a mesma subtileza com que desafiou os gladiadores romanos no play-off, alcançar o grande objectivo num grupo sem sombra de feras.

O FC Porto terá, de resto, que encarar esta visita a Inglaterra como uma oportunidade rara de iniciar um novo capítulo, pondo cobro a uma série de 14 derrotas em 16 jogos e assumindo, de forma inequívoca, o controlo do destino na competição. Incumbência que exige uma leitura pragmática das reais capacidades do adversário, sem confiar excessivamente no início de época traumatizante, com tantas derrotas (três) no campeonato quantas as sofridas na época passada.

Nuno Espírito Santo diz-se avisado, enfatizando — tal como o próprio presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa — o facto de estar perante o campeão de Inglaterra. “Estamos conscientes das dificuldades que vamos encontrar. Não podemos nunca esquecer que defrontamos o campeão de Premier League”.

Para o segundo jogo da fase de grupos, que surge após empate frustrante em casa (1-1), Nuno Espírito Santo enfrentou de frente, sem rodeios, o constrangimento de o FC Porto nunca ter vencido em Inglaterra, em provas oficiais. “É verdade! O FC Porto nunca venceu em Inglaterra. Mas estes momentos, tal como os recordes, são feitos para serem quebrados, para alcançar novas metas e fazer história. Temos uma oportunidade diante de nós e vamos tentar aproveitá-la”, vincou, respeitando o “que [o Leicester] fez no ano passado, que foi notável”.

Respeito que se estende a todos os jogadores, apesar do reencontro com o goleador Slimani, que em Portugal fez mossa no FC Porto e que o técnico dos “dragões” diz não poder ignorar. Da mesma forma que não ignora as opiniões de José Mourinho, que, em declarações ao jornal O Jogo, afirmou que os portistas precisam de paciência com Nuno para voltarem a ganhar.

“Todas as palavras de Mourinho referentes ao FC Porto e a mim são de reconhecimento e agradecimento da minha parte. Mas paciência é algo que não existe no futebol. Nós, treinadores, temos essa consciência. Queremos construir, necessitamos de tempo para o fazer, mas temos a necessidade tremenda de ganhar. O objectivo do FC Porto é ser campeão nacional, ser capaz de competir e ganhar todos os jogos e a paciência a que José Mourinho se refere não é mais do que a ambição dos nossos sócios de ver a equipa nos grandes palcos”.

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