O novo treinador do Manchester United, José Mourinho, destacou nesta terça-feira a competitividade da Liga inglesa de futebol e desvalorizou o duelo individual com Pep Guardiola, que irá treinar o rival Manchester City.

"A minha experiência não me permite ser inocente. Quero dizer com isto que estive com o Pep dois anos num campeonato onde o campeão era eu ou ele, ou o Real Madrid ou o Barcelona. Numa situação como essa, as lutas individuais fazem sentido, porque podem ter influência. Se no campeonato inglês eu me focasse nele e no Manchester City e ele no Manchester United era outro que ia ser campeão", afirmou Mourinho na Faculdade de Motricidade Humana, à margem da pós-graduação em treino de futebol de alto rendimento, na qual é coordenador.

"Vocês olham para o campeonato alemão e, nos últimos cinco anos, a mesma equipa ganhou quatro [Bayer Munique], na França em quatro ganhou quatro [Paris Saint-Germain]. Em Espanha, o Atlético ganhou uma vez e o FC Barcelona ganhou os outros três. Em Inglaterra, nos últimos quatro anos, houve quatro campeões diferentes. Isto diz muito sobre a competitividade. O facto de ter os direitos televisivos mais impactantes e o facto de as receitas televisivas serem distribuídas do modo que são, que permite o crescimento da Liga enquanto competição, ao contrário das outras ligas, onde os 'tubarões' são sempre os 'tubarões'. Em Inglaterra, é exactamente o contrário", acrescentou.

O treinador de Setúbal, que já ganhou três Ligas inglesas, ao serviço do Chelsea, considerou que já faz parte da história da competição. "Já faço um bocadinho parte da 'mobília'. Quem vai melhorar o nível são eventuais treinadores e jogadores que chegam de novo e que possam acrescentar alguma coisa. Já tenho sete anos de Premier League. Já sou um bocadinho da casa, não sou novidade", vincou.

O treinador português disse que não vai contratar nenhum jogador que alinhe em Portugal e não confirmou o ingresso de Zlatan Ibrahimovic nos "red devils".

Sobre a aula em que foi prelector, Mourinho explicou o que fez com os seus alunos, entre os quais o capitão do Benfica Luisão.
"Todos na aula são treinadores, uns com mais experiência que outros. Não venho aqui armado em professor. A única coisa que vim aqui fazer foi ensinar como é que eu faço. Venho mostrar-lhes como é o meu processo. Disse-lhes que gostava de ir com eles ao campo, ter um segundo dia para ir com eles ao campo. Mas, neste momento, é impossível. Estive cinco meses de férias e agora 24 horas não chegam", sublinhou.