Morreu Vera Caslavska, a ginasta checa que fez frente à URSS

Nos Jogos Olímpicos de 1968, conquistou quatro medalhas de ouro, "vingando" a invasão da Checoslováquia.

Vera Caslavska fotografada em 2012
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Vera Caslavska fotografada em 2012 MICHAL CIZEK/AFP
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Vera Caslavska no pódio das barras assimétricas, em Tóquio 1964, onde ganhou o ouro STF/AFP

A antiga ginasta checa Vera Caslavska, sete vezes campeã olímpica em 1964 e 1968, “vingando” a invasão soviética da então Checoslováquia, morreu nesta terça-feira, aos 74 anos, vítima de doença prolongada, anunciou a agência CTK.

Caslavska conquistou três medalhas de ouro em Tóquio 1964 (concurso completo individual, trave e no salto de cavalo) e quatro no México 1968 (concurso completo individual, solo, salto de cavalo e barras assimétricas), além de quatro títulos de campeã do mundo e 11 títulos europeus.

Os quatro triunfos no México, ocorridos pouco antes da invasão à Checoslováquia das tropas soviéticas, em Agosto de 1968, tiveram um significado especial para a ginasta. "Eu queria muito vencer os ginastas que representavam um país cujo exército invadiu o meu. Eu tinha muito boas relações com Larissa Latynina e outras ginastas soviéticas, mas, no México, proibiram-nas de falar connosco, os revolucionários", contou a ginasta, em 2012, antes da apresentação do documentário Vera 68.

A ginasta foi eleita a melhor desportista mundial em 1968, um ícone da contestação ao regime comunista na então Checoslováquia e considerada uma das duas mulheres mais populares do mundo, juntamente com Jacqueline Kennedy.

Após a Revolução de Veludo, em 1989, foi conselheira de Vaclav Havel, chefe de Estado a seguir à queda do regime totalitário.

A vida Vera Caslavska sofreu um rude golpe em Agosto de 1993, com a morte acidental do seu ex-marido Josef Odlozil, também antigo atleta e medalha de prata nos 1500 metros em Tóquio 1964, após uma briga com o seu filho Martin. Com uma depressão severa, Caslavska ficou remetida a uma casa de repouso em Praga, de onde praticamente não saiu durante vários anos.

"Sinto que os milagres acontecem e que o meu pequeno anjo da guarda gosta de mim. Esteve adormecido durante muito tempo, mas acordou agora", contou a antiga ginasta, em Maio de 2012, à agência AFP, depois de ter voltado à vida pública.

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