"Acredito que vamos ter a Nova Zelândia contra os EUA"

Responsável pela distribuição de conteúdos em língua portuguesa da America’s Cup, Rodrigo Moreira Rato aborda a edição deste ano da mítica regata.

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Responsável pela distribuição de conteúdos em língua portuguesa da America’s Cup, o especialista em vela Rodrigo Moreira Rato considera que Portugal está muito bem representado na prova nas áreas de suporte.

Qual é a equipa favorita para defrontar a Oracle Team USA e qual a principal candidata a ser afastada após os qualifiers?
Acredito que vamos acabar novamente com a Nova Zelândia contra os Estados Unidos, por duas razões: a Oracle é a equipa que tem mais dinheiro, está a jogar em casa e adaptou as regras como lhe era mais conveniente; a Team New Zealand tem uma capacidade de se reinventar e encontrar soluções de engenharia, o que resolve o problema de ter um menor orçamento. A grande incógnita é saber o que os suecos da Artemis vão fazer. Essa é a minha grande dúvida. Os primeiros a saírem devem ser os franceses. É a equipa que tem um grau de desenvolvimento e um orçamento menor, tem um projecto para duas edições e nunca escondeu que está nesta edição para aprender e recolher informação. Eles têm também a questão do “leme” para resolver. Se fosse o Adam Minoprio, provavelmente teriam uma performance melhor. Em multicascos, neste momento, ele é melhor do que o Franck Cammas. Nas World Series do ano passado, sempre que o Adam esteve ao leme da equipa Norauto, o barco andou mais. Ele foi campeão do mundo de match racing e a America’s Cup é decidida em match.

O AC50 é uma boa escolha?
Parece-me uma opção interessante. Apesar de haver algumas restrições de regra na asa e nos cascos, a escalada de custos no desenvolvimento dos foils e alguns apêndices aerodinâmicos continua. Mais dinheiro são mais horas de desenvolvimento, apesar de agora não serem permitidas grandes alterações nos foils. Mas as equipas estão a trabalhar no ‘tuning’ do barco, dentro das regras, o máximo possível. Um bom exemplo desse investimento no desenvolvimento é a participação do Renato Conde no Team Softbank Japan. Estão a trabalhar muito nessa área para o barco ganhar velocidade. No futuro, se os neozelandeses ganharem, acho que podemos voltar a monocascos. Eles têm uma visão mais purista e menos comercial da America’s Cup e consideram que não faz sentido o circo das World Series.

É possível ambicionar uma participação portuguesa numa edição futura?
Um barco português está fora de questão, mas estamos muito bem representados em áreas de suporte. Temos o Ricardo Pinto que faz parte do grupo oficial de fotógrafos da America’s Cup, temos o Miguel Alan, que é um dos quatro árbitros — se isto fosse futebol, todos os anos arbitrava a final da Liga dos Campeões. Está na estratosfera da arbitragem da vela e é um grande embaixador de Portugal. Temos o Renato Conde, que quando as coisas numa equipa não funcionam, é chamado pelo seu enorme conhecimento. E temos o Bernardo Freitas, que teve um papel extraordinário como leme na equipa portuguesa no Red Bull Youth America’s Cup, e está como treinador dos espanhóis. Isto significa que, numa cartada qualquer fora do baralho, podemos no futuro ter o Bernardo como leme numa equipa. É difícil, porque há lemes muito bons, mas é o exemplo claro da qualidade e talento do velejador português.     

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