Mónaco sucumbiu ao peso da muralha da Juventus

Líder da Liga francesa interrompeu série de 13 jogos a ganhar em casa, caindo na primeira mão das meias-finais com dois golos de Higuaín. Resta-lhe contrariar a história para virar a eliminatória em Turim.

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Reuters/Eric Gaillard

Perto dos 30 minutos do Manchester City-Mónaco, dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, Gianluigi Buffon, espectador atento, enviou uma mensagem a um dos directores da Juventus a alertar para a qualidade do actual líder da Liga francesa. O experiente guarda-redes parecia pressentir que a equipa de Leonardo Jardim poderia sair-lhe ao caminho na prova e deve ter-se preparado com cuidados redobrados. Nesta quarta-feira, no Estádio Louis II, naquele que foi o seu 100.º jogo na Champions, o internacional italiano ajudou a segurar uma vitória importante (0-2), que redobra o favoritismo da “Juve” para a segunda mão das meias-finais.

Chegou ao fim o registo de imbatibilidade do Mónaco, em casa, na presente edição da Liga dos Campeões, ao mesmo tempo que foi colocado um travão à série de 13 vitórias consecutivas no Principado. O campeão de Itália, lançado para a renovação do scudetto, valeu-se da experiência e, acima de tudo, da enorme qualidade dos seus intérpretes e da ideia de jogo de Massimiliano Allegri para surpreender o mais surpreendente dos candidatos ainda em prova.

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Disposto num 4-2-3-1 que, em organização ofensiva, se transformava num 3-4-3, a Juventus fez o que quis do jogo no primeiro quarto de hora. Pressionando alto, ganhava a bola em zonas adiantadas e confundia um Mónaco demasiado expectante através das constantes trocas posicionais de Dybala, Mandzukic e Dani Alves, que causaram muitos problemas especialmente a Sidibé (improvisado, à esquerda) e a Nabil Dirar (extremo adaptado a lateral) nas faixas.

Quando os anfitriões conseguiram libertar-se das amarras (não sem antes sofrerem dois calafrios), a “Juve” foi empurrada para trás essencialmente pela imprevisibilidade de Mbappé (viu Buffon negar-lhe o golo aos 16’), num contexto em que Bernardo Silva pagava a factura de ocupar um corredor no qual evoluíam Alex Sandro e Mandzukic.

A tendência da partida ameaçava mudar, mas uma saída perfeita dos italianos para o contragolpe deixou Leonardo Jardim em maus lençóis. Marchisio saiu de uma situação de pressão com qualidade, Dybala soltou de calcanhar num gesto acrobático, Dani Alves desmarcou-se e recebeu no espaço, entrou na área, usou — também ele — o calcanhar para solicitar Higuaín e o argentino rematou com classe para o 1-0.

Aos 29’, o Mónaco, num 4-4-2 que nesta quarta-feira não contou com a dimensão ofensiva de Bakayoko (desinspirado nas saídas de bola), estava obrigado a reagir. E mostrou capacidade para o fazer logo no reatamento, quando um mau passe de Pjanic colocou a bola nos pés de Bernardo Silva. Em zona central, o português descobriu Falcao que, na área, perdeu o duelo com Buffon — tal como acontecera num cabeceamento ao segundo poste, ainda na primeira parte.

Essa tónica de pressão mais acentuada no último terço subsistiria nos últimos 20 minutos, especialmente através de um futebol mais directo, já com Touré e Germain em campo a procurarem a sorte nas bolas paradas e nas segundas bolas. Só que o bloco defensivo da Juventus, elevado a patamares de excelência pelo jogo posicional de Barzagli, Bonucci e Chiellini (um trio celebrizado através da sigla BBC), resistiu a todas as investidas, com a confiança redobrada pelo segundo golo de Higuaín, aos 59’.

Foi mais um daqueles lances em que Dani Alves parecia o menino que em 2001 despontava no Bahia e não o veterano multititulado que, aos 33 anos, continua a fazer raides a uma velocidade assinalável. Depois de mais uma acção perfeita de Dybala (que, a cada toque, parece tornar fácil o que para a maioria é um bicho de sete cabeças), o brasileiro cruzou com precisão para um desvio oportuno na pequena área.

O Mónaco estava obrigado a refazer as contas e a resolver uma equação que, até final do encontro, não conseguiu tornar mais fácil. Desde que as meias-finais da Champions são discutidas a duas mãos, nunca uma equipa deu a volta a um défice de dois golos. E o quebra-cabeças de Leonardo Jardim agudiza-se se tivermos em conta que dois golos foi tudo o que a Juventus consentiu atè à data na competição.     

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