Maurizio Sarri conquistou todos, até Diego Maradona

Com um passado ligado ao sector bancário, o treinador venceu as dúvidas e levou o Nápoles ao topo da Liga italiana

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Sarri também é conhecido por ser um fumador compulsivo Ciro De Luca/Reuters

No início foi a desconfiança: Maurizio Sarri era praticamente um desconhecido e chegava a Nápoles para ocupar o lugar deixado vago por Rafael Benítez, que assumira o comando técnico do Real Madrid. Poucos meses depois, no San Paolo, já ninguém se lembrará do treinador espanhol. Os napolitanos concluíram a primeira volta do campeonato italiano na liderança da classificação, com o melhor ataque da prova (38 golos marcados) e apenas duas derrotas. Sagraram-se campeões de Inverno pela primeira vez desde 1989-90, época em que foram campeões, com uma equipa onde pontificava Diego Armando Maradona.

O responsável pelo bom desempenho do Nápoles é Maurizio Sarri, treinador que recentemente completou 57 anos e cumpre apenas a segunda temporada da carreira no principal escalão do futebol italiano. Foi ele quem teve de vencer a desconfiança generalizada, incluindo do próprio Maradona, que confessou, após o início titubeante dos napolitanos no campeonato (dois empates e uma derrota) que estava “assustado”. “A jogar assim não ficam sequer a meio da tabela”, disse o argentino. “O Diego pode dizer o que quiser. É e continuará sempre a ser o meu ídolo”, frisou Sarri, que é desde pequeno adepto do Nápoles. E o tempo mostrou que o homem certo está no lugar certo.

Foi quando devolveu o Empoli à Serie A, após seis anos de ausência, que Sarri chamou a atenção. Foi mais uma subida de divisão na carreira do técnico, que durante muitos anos andou pelas divisões secundárias. Com o orçamento mais reduzido e a equipa mais barata do campeonato, o futebol positivo do Empoli surpreendeu Itália. E fez de Sarri um técnico disputado. Rumou à cidade onde nasceu para comandar o Nápoles e destacou-se pelos seus métodos: usa um drone nos treinos para avaliar a movimentação da linha defensiva e chamam-lhe “Mister 33” em alusão ao número de jogadas ensaiadas que as suas equipas utilizam.

Sarri, que antes de dedicar-se ao futebol a tempo inteiro trabalhou num banco, não gosta de ser conhecido por esse tipo de rótulos: “As etiquetas aborrecem-me: o ex-empregado da banca que fuma muito e tem 33 esquemas de bola parada. Estou cansado”, dizia em entrevista ao diário La Repubblica. “A experiência na banca é um valor acrescentado. Aprendi o valor da organização e da capacidade de decisão. No [banco] Monte dei Paschi, há 15 anos, ocupava-me das transacções entre grandes instituições. Trabalhei em Londres, na Alemanha, Suíça e Luxemburgo. Depois escolhi o único trabalho que faria de graça.”

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos

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