Madeira Rodrigues rejeita oportunismo na corrida à presidência do Sporting

Recompra da Academia de Alcochete ao BCP, por 14 milhões de euros, é uma das medidas propostas pelo opositor de Bruno de Carvalho, que anuncia que o contrato de Jorge Jesus é para cumprir.

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Miguel Manso
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Pedro Madeira Rodrigues teve as portas de Alvalade abertas para apresentar o seu programa e a respectiva lista para as eleições do Sporting, tal como Bruno de Carvalho tinha prometido. Contou com muitos apoiantes no auditório, apresentou as suas ideias e as pessoas que estão ao seu lado, mas nem todos estavam lá para aplaudir. Um adepto que se identificava como apoiante do actual presidente “leonino” roubou por alguns segundos a atenção de toda a gente e começou aos gritos. Mandaram-no calar, ele não se calou, mas as câmaras e os microfones desviaram-se quando começou a tornar-se repetitivo. Madeira Rodrigues manteve a compostura e não se desviou do seu propósito: apresentar uma candidatura para derrubar Bruno de Carvalho nas eleições de 4 de Março.

Numa altura em que a insatisfação dos adeptos aumenta por causa dos maus resultados do futebol profissional, Madeira Rodrigues rejeita qualquer tipo de oportunismo na sua candidatura, explicando que começou a formar o projecto quando o Sporting ainda estava em todas as frentes. “Não consigo dormir depois das derrotas do Sporting. Os maus resultados nunca vão jogar a meu favor. As minhas possibilidades crescem à medida que os sportinguistas vão conhecendo o nosso projecto. Vou herdar um clube e uma equipa a 4 de Março e espero que, nessa altura, ainda tenha condições de competir pelo título nacional”, referiu o candidato de 45 anos.

Num programa intitulado “Sempre na frente”, com medidas que vão desde maior rigor nas contratações para o futebol até à mudança da cor das cadeiras do Estádio José Alvalade, passando pelo regresso do basquetebol masculino ao clube, Pedro Madeira Rodrigues assumiu que pretende uma ruptura total com o estilo da actual direcção. “A 4 de Março, vamos dar uma resposta a quem se auto-intitula o salvador. O Sporting não precisa de salvadores. O Sporting precisa de um programa, de organização e de uma equipa”, referiu o candidato, que acusou o o actual líder de querer fazer da equipa de futebol “um bode expiatório” para os maus resultados.

No meio de várias acusações a Bruno de Carvalho, entre elas a de “inventar números de assistências que não existiram”, Madeira Rodrigues prometeu que, se for eleito, vai recomprar a Academia de Alcochete (que é propriedade do Banco Comercial Português), tendo já preparado um grupo de investidores dispostos a entrar com 14 milhões de euros para o fazer, e irá proceder à recompra dos VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis), de forma a que o clube mantenha o controlo accionista da SAD.

No futebol, o candidato prevê um limite de 23 jogadores no plantel principal e pretende reforçar o departamento de prospecção para reduzir os riscos nas contratações para o futebol profissional e para a formação. No que diz respeito a Jorge Jesus, Madeira Rodrigues garante que é para manter: “Jorge Jesus é o nosso treinador e tem contrato por mais dois anos e meio. Não nos qualificarmos para a Champions? Isso não me passa pela cabeça. Não vou colocar esse cenário. ”

O candidato referiu que a situação financeira do Sporting é “muito complicada” e que, só no futebol, o orçamento “ultrapassa os 60 milhões de euros”. “Conseguimos triplicar em dois anos a massa salarial e essa situação é muito complicado”, reforçou Madeira Rodrigues, que tem a seu lado alguns antigos aliados de Bruno de Carvalho, como Vítor Ferreira (ex-“vice” do clube e ex-administrador da SAD) ou Rui Morgado (ex-“vice” da mesa da Assembleia Geral).

E o tal sócio que estava a falar em voz bem alta, a partir de uma das filas localizadas bem na frente do auditório? “Comigo, os sócios podem dizer o que quiserem. Não vou processar sócios como o actual presidente já fez. Vou saber unir o nosso clube. Vou saber respeitar todas as opiniões.”     

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