Não tem sido comum o campeonato chegar à 21.ª jornada com a liderança a ser partilhada entre dois emblemas, mas é esse o cenário que se coloca na presente temporada. Esta ronda marcou o momento em que o Benfica alcançou o Sporting no primeiro lugar da classificação, com o FC Porto a seguir com seis pontos de diferença em relação aos dois rivais de Lisboa — e isto quando se aproxima um embate entre “encarnados” e “dragões”, na Luz, cujo desfecho pode ditar novas mudanças na classificação.

É preciso recuar mais de dez anos para encontrar a última ocasião em que havia equipas empatadas na liderança do campeonato à passagem da 21.ª jornada. E eram nada menos do que quatro os emblemas que dividiam o trono da classificação em 2004-05: FC Porto, Sporting, Benfica e Boavista somavam 38 pontos, com o Sp. Braga a ocupar a quinta posição com apenas menos um ponto. O título ficaria para os “encarnados”, que sob a orientação de Giovanni Trapattoni quebraram um “jejum” de onze anos, terminando o campeonato com três pontos de vantagem sobre o FC Porto e quatro em relação ao Sporting.

“Vai ser uma luta titânica até ao fim”, previu o treinador do Sporting, Jorge Jesus, no final do empate (0-0) na recepção ao Rio Ave. O cenário actual de igualdade no topo da classificação deixa antecipar que o técnico tem razão. A tendência será para que a diferença no final do campeonato seja pouco significativa, tal como aconteceu em 2004-05. Na temporada 2009-10, por exemplo, a classificação da 21.ª jornada dava a liderança ao Benfica, com um ponto de vantagem sobre o Sp. Braga. No final havia cinco pontos a separar as duas equipas.

Benfica e Sporting chegam aos 52 pontos com desempenhos mais ou menos semelhantes. Os dois rivais estão unidos no número de golos sofridos (14), um registo que, aliás, partilham com o FC Porto e Sp. Braga. A equipa de Rui Vitória tem o ataque mais concretizador do campeonato (59 golos marcados, enquanto os “leões” fizeram 43) e ostenta a maior percentagem de vitórias (80,9%, contra 76,2% do Sporting). Por seu lado, o conjunto liderado por Jorge Jesus é a equipa com menos derrotas na prova (apenas uma em 21 jornadas, frente ao União da Madeira, contra as três sofridas pelos “encarnados”) e é a única que ainda não perdeu em casa (oito vitórias e três empates, enquanto o Benfica tem nove vitórias e uma derrota).

Também houve anos recentes em que a diferença na classificação à 21.ª jornada era tão marcada que já deixava adivinhar quem viria a sagrar-se campeão. Em 2010-11, num campeonato a 16 equipas, o FC Porto iniciou o último terço da prova com oito pontos de avanço sobre o Benfica. A equipa orientada por André Villas-Boas não deixou escapar o título, numa caminhada triunfal que culminou numa expressiva diferença de 21 pontos em relação aos “encarnados”. Então na segunda época ao leme do Benfica, Jorge Jesus averbou três derrotas e outros tantos empates nas últimas dez jornadas.

Ainda mais vincada era a vantagem do FC Porto à 21.ª jornada em 2007-08, quando a equipa liderada por Jesualdo Ferreira comandava a classificação com 12 pontos a mais do que o Benfica. Os “dragões” concluiriam o campeonato com 20 pontos de avanço — mas relativamente ao Sporting, que terminou na segunda posição, enquanto o Benfica foi relegado para quarto, a 23. Os “dragões” seriam posteriormente punidos com dedução de seis pontos, no âmbito do processo Apito Final, por decisão da Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.