Judoca Rafaela Silva e o racismo: “O macaco saiu da jaula”

Atleta que conquistou o ouro nos -57kg é a cara de uma campanha contra o racismo no desporto.

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Rafaela Silva é o rosto de uma campanha contra o racismo VANDERLEI ALMEIDA/AFP

A judoca brasileira Rafaela Silva tem utilizado a vitória na categoria de -57kg dos Jogos Olímpicos (a mesma em que Telma Monteiro conquistou o bronze) para chamar a atenção para a questão do racismo no país. A atleta, negra, lésbica e oriunda de uma favela, lembrou quem a criticou em Londres 2012 e respondeu à letra.

“Estou muito feliz por estar a realizar o meu sonho, mostrar às pessoas que me criticaram em Londres [2012], que disseram que eu era uma vergonha para a minha família, que o lugar para o macaco era numa jaula e não nos Jogos Olímpicos. O macaco saiu da jaula e foi campeã olímpica aqui no Rio de Janeiro”, disse, na apresentação de uma campanha contra o racismo no desporto, pela qual dá a cara.

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Assumindo-se também como feminista, Rafaela Silva considerou que as mulheres “têm estado muito tempo esquecidas” e que espera que “o feminismo cresça no Brasil”. Retomando o tema do racismo, a atleta recordou que, quando se fala sobre os negros, nem sempre é pelos melhores motivos.

“Geralmente, quando sai um tema acerca da raça negra é só para falar de que um negro assaltou alguém. Agora não é um negro que está a assaltar alguém, mas sim a dar uma alegria ao povo brasileiro”, referiu.

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