Muralha de Coimbra só ruiu aos 85 minutos

Os “encarnados” sentiram muitas dificuldades contra a Académica, mas venceram com um golo apontado no minuto 85.

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AFP

Quem não tem Jonas, caça com Mitroglou e Jiménez. Duas jornadas depois de o Benfica arrancar a ferros, já depois do minuto 90, uma vitória no Estádio do Bessa, os “encarnados” voltaram a apanhar um enorme susto frente a uma das equipas que luta pela manutenção, mas apesar das dificuldades sentidas em Coimbra, as “águias” ganharam, por 2-1, e alcançaram mais três importantes pontos. Perante uma Académica muito defensiva, o Benfica segurou a liderança no campeonato com um golo do mexicano Raúl Jiménez, apontado no minuto 85.

O filme do jogo foi bem diferente e os protagonistas também, mas no final a história repetiu-se. Contra o “aflito” Boavista, o Benfica encontrou uma equipa atrevida que não abdicou de atacar, mas quando o empate parecia certo, o instinto goleador de Jonas garantiu aos lisboetas uma vitória que parecia perdida. Três semanas depois, Rui Vitória voltou a ter pela frente uma equipa que necessita desesperadamente de pontos, mas deparou-se com um cenário diferente. Com uma estratégia claramente defensiva, a Académica montou uma enorme barreira à frente da baliza (bem) defendida por Pedro Trigueira, e com Jonas pouco inspirado, o sofrido, mas bem-sucedido, assalto à Muralha de Coimbra foi liderado por Mitroglou e Jiménez.

Com a liderança do campeonato presa por um fio, Vitória não facilitou. A derrota a meio da semana pela margem mínima em Munique deixou as “águias” com legitimas esperanças de conseguirem, na próxima quarta-feira, um histórico apuramento para as meias-finais da Liga dos Campeões, mas o treinador do Benfica não fez poupanças a pensar no duelo com o Bayern. Em relação à partida a meio da semana contra os alemães, Vitória fez apenas uma alteração estratégica: com o objectivo de tornar a sua equipa mais ofensiva, o técnico colocou Samaris no lugar de Fejsa.

Do outro lado, as ideias de Gouveia eram bem diferentes. A três pontos da “linha de água” — na prática são quatro, já que o Boavista tem vantagem no confronto directo —, a Académica surgiu em campo com uma postura ultradefensiva. A necessitar urgentemente de pontos, o treinador dos “estudantes” apostou numa linha de cinco defesas (Iago, João Real e Ricardo Nascimento formaram o trio de centrais) e sempre que o Benfica tinha a bola, a equipa de Coimbra recuava para o último terço do campo, fechando todas as linhas ao adversário.

Perante esta estratégia, as “águias” sentiram enormes dificuldades. Apesar de a bola correr quase sempre entre pés benfiquistas, os primeiros minutos foram tranquilos para Trigueira e para tornar ainda mais complicado o quebra-cabeças para Rui Vitória, a Académica marcou na primeira oportunidade: aos 17’, Rafa cruzou, Eliseu cortou para zona proibida e Pedro Nuno, na zona central da área, colocou a bola no ângulo inferior direito da baliza de Ederson. Para Gouveia, era o jackpot. Para Vitória, um enorme problema.

E o Benfica demorou a reagir. Até ao minuto 30, os “encarnados” não conseguiram criar perigo, mas após três ameaças no período de cinco minutos, Mitroglou abriu a primeira brecha no muro da Académica: após um excelente centro de Pizzi, o grego, de cabeça, marcou pela quarta jornada consecutiva. O golo fez tremer os alicerces da equipa de Gouveia e, quase de seguida, Pizzi desperdiçou de forma inacreditável a oportunidade de dar vantagem ao Benfica.

Após o intervalo, ficou a sensação de que os “encarnados” iam manter o ritmo do final da primeira parte. Nos primeiros cinco minutos, Pedro Trigueira foi obrigado a aplicar-se por duas vezes, mas a Académica conseguiu reorganizar-se e o filme do início da partida repetiu-se: apesar de ter muita posse de bola, o Benfica não conseguia criar muitas ocasiões de perigo e, quando a defesa dos “estudantes” era ultrapassada, Trigueira estava lá para segurar o empate.

Com o tempo a escassear, Rui Vitória arriscou tudo. A 10 minutos do fim, o treinador trocou Eliseu por Jiménez, os três centrais da Académica passaram a ter três avançados para marcar e, a cinco minutos do fim, a muralha construída pela equipa de Coimbra ruiu: após um centro de André Almeida, Jiménez livrou-se da marcação, rematou à meia volta, e não deu hipóteses a Trigueira. Vitória e os adeptos “encarnados” podiam, finalmente, respirar de alívio: estava ganha mais uma final.

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