IAAF desiludida com lentidão russa no combate ao doping

A suspensão de participação do país em provas internacionais não deverá ser levantada tão cedo.

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LUSA/HANNAH MCKAY

Desilusão, é este o sentimento que paira entre a direcção da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) relativamente à forma como a Rússia tem lidado com o escândalo de doping que varreu o país. A sensação manifestada por Sebastian Coe, presidente do organismo, é de que pouco tem sido feito para ir de encontro às exigências definidas, razão pela qual a suspensão aplicada à federação russa (RUSAF) estará para durar. 

"Houve alguns progressos, mas há ainda um fosso muito grande para atingir os objectivos fixados. Estou desapontado e não vejo razão para que a evolução não esteja a ser mais rápida", apontou Coe, em Londres, no final de uma reunião do conselho directivo da IAAF. Considerando que há obstáculos que continuam a ser colocados no caminho da task force nomeada para supervisionar as acções da RUSAF, o dirigente britânico lamenta que as metas estabelecidas para este ano estejam "muito longe de ser atingidas".

Na prática, o que está em causa é um número reduzido de testes antidoping levados a cabo, registos retidos de passaportes biológicos, muitos atletas a treinarem-se ainda em espaços fechados, sem acesso por parte das brigadas de controlo das amostras, e treinadores com ligações ao antigo regime ainda no activo. "A RUSAF não deve ter qualquer tipo de ilusões: os critérios mantêm-se", insiste o líder da IAAF. "Continuaremos a ser rigorosos. Não há um calendário preciso. Faremos uma nova avaliação em Julho e decidiremos então, mas tudo isto é para ir em frente, não é sequer negociável".

A federação russa de atletismo, recorde-se, foi banida em Novembro de 2015 após uma investigação independente liderada pela AMA (Agência Mundial Antidopagem) ter exposto uma política de doping generalizada e patrocinada pelo Estado. Resultado? A esmagadora maioria dos atletas russos falhou a participação nos Jogos Olímpicos de 2016 e vai também ficar de fora dos Mundiais do próximo mês de Agosto, que terão lugar em Londres - a excepção é um número reduzido de desportistas que poderá competir mas com estatuto neutral. A julgar pela insatisfação da IAAF, esta punição deverá prolongar-se no tempo.

Essa é também, de acordo com Rune Anderson, líder da equipa de supervisão, uma das razões de descontentamento por parte das autoridades russas, que não vêem com bons olhos que alguns representantes do país compitam sob uma bandeira neutra. A opção, porém, é defendida com unhas e dentes pelo organismo: "É a perda do direito de participar em competições internacionais com as cores do país que atribui à sanção de suspensão todo o seu peso e efeito".
 

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