Gustavo Veloso vencedor na jornada heróica de Jóni Brandão

Espanhol impôs-se na etapa rainha, após duas passagens pela Torre, mas o grande espectáculo foi dado pelo português da Efapel, que andou quase 90 quilómetros sozinho em fuga.

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Aí vão duas vitórias para Gustavo Veloso (W52-FC Porto) nesta edição da Volta a Portugal. E não foram duas vitórias quaisquer: a primeira, no passado domingo, na Senhora da Graça, e a segunda, esta quarta-feira, na Guarda, depois de duas passagens pela Torre, o ponto mais alto de Portugal Continental. No entanto, o camisola amarela Rui Vinhas cedeu apenas 10 segundos (mais bonificações) para o companheiro de equipa e tem 2m25s de vantagem, com quatro etapas para o fim (e apenas uma decisiva).

Era a tirada rainha da Volta. Partiu de Belmonte e Francesco Gavazzi e Garikoitz Bravo foram os primeiros destaques, passando em primeiro tanto em Caria como na Covilhã. Na primeira subida à Torre, novos protagonistas apareceram, casos de Bruno Silva, do camisola da montanha Wilson Diaz e de Robinson Gomes, que ganharam 3m40s de vantagem sobre o grupo do camisola amarela, passando nos primeiros lugares no alto. Na descida, o grupo da frente acolheu mais três corredores e foram seis a enfrentar a segunda subida à Torre, dessa feita pelo lado de Seia. Atrás, também já na subida, a Efapel imprimiu um ritmo de tal maneira forte que Rafael Silva e Henrique Casemiro se isolaram. Não era mais que uma preparação para o ataque de Jóni Brandão, que surgiu a mais de 85 quilómetros da meta. O português, com mais de três minutos de atraso na geral, tinha de arriscar e atacar de longe, e foi o que fez, com a W52-FC Porto a dedicar-se à perseguição. O ciclista da Efapel mostrou-se muito forte e chegou ao alto com 1m28s de vantagem sobre o grupo do líder, o que lhe permitia reduzir bastante a diferença na classificação geral se a tirada acabasse ali.

O problema é que, este ano, isso não aconteceu e Brandão ainda tinha 71 quilómetros para percorrer até à Guarda, com três contagens de montanha de terceira categoria pelo meio. O português perdeu algum tempo na descida mas voltou a ganhar na subida de Fernão Joanes, na qual passou em primeiro, com 1m25s de vantagem. Na subida seguinte, de acesso à Guarda, a W52-FC Porto imprimiu um ritmo fortíssimo, através de Ricardo Mestre e António Carvalho, que reduziram bastante a desvantagem para a frente. À passagem pela meta de montanha, Jóni Brandão tinha apenas 18 segundos de vantagem mas aguentou-se na rápida aproximação ao centro da Guarda e ainda iniciou a subida final (últimos três quilómetros) na frente. Foi apanhado a dois quilómetros da meta e, nesse momento exacto, Rui Sousa aproveitou para atacar mas o ciclista do Boavista não foi longe devido ao trabalho de Raúl Alarcón, reserva de luxo de Vinhas e Veloso. Já no duro empedrado final, Veloso atacou para a vitória, deixando Daniel Silva a cinco segundos, Alarcón a seis e o líder Rui Vinhas a 10.

Jóni Brandão foi sétimo na tirada, perdendo 21 segundos e também o terceiro lugar, que agora é ocupado por Daniel Silva. Ainda assim esteve a dois quilómetros de conseguir um feito digno de realce, que seria vencer a etapa após quase 90 quilómetros em fuga solitária. Foi o grande herói da jornada. Quanto a Rui Vinhas, só ainda não pode festejar a vitória porque no domingo haverá um contra-relógio decisivo, de 32 quilómetros, entre Vila Franca de Xira e Lisboa. No entanto, começa a parecer difícil para Gustavo Veloso recuperar o atraso e fazer o “tri” na Volta.

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