Froome confirma vitória no Tour. Izaguirre vence nos Alpes

Etapa 20 da Volta a França foi marcada pela chuva. Rui Costa voltou a estar em fuga.

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Froome imparável também no contra-relógio Jean-Paul Pelissier/Reuters

Chris Froome (Sky) está com as duas mãos no troféu da 103.ª edição da Volta a França. O britânico ultrapassou a penúltima etapa sem sobressaltos, partindo para a tirada de consagração - a chegada aos Campos Elísios -, com uma vantagem confortável para todos os adversários. No domingo, em Paris, caso não aconteça nenhum percalço, o ciclista nascido no Quénia conquistará o Tour pela terceira vez.

O vencedor da etapa 20 foi Ion Izaguirre (Movistar), que conseguiu a sua primeira vitória na prova francesa e ofereceu à Espanha a única vitória no Tour 2016. Depois de estar integrado na fuga do dia, o ciclista basco conseguiu deixar Jarlinson Pantano (IAM) e Nibali (Astana) para trás, na última descida do dia, e chegou isolado a Morzine. O português Rui Costa (Lampre) chegou em quinto nesta etapa, atrás de Julian Alaphilippe (Etixx). 

Peter Sagan foi considerado o ciclista mais combativo do Tour, somando esta distinção à mais do que provável vitória na camisola verde.

Organização do Tour “desenhou” uma etapa dura, mas sem chegada em alto

Chris Froome partiu para a etapa 20 com uma vantagem confortável para os rivais. Não obstante, a etapa 19 (em que a chuva trouxe surpresas e Froome foi um dos que caiu) mostrou que, nesta última tirada de montanha, novamente com chuva, ainda poderia haver espaço para um “golpe de teatro”. Também na luta pelo pódio e pelos lugares no top-10, muita coisa poderia mudar. Mas não mudou. A etapa foi calma e Froome colocou as duas mãos no troféu da Volta a França, enquanto Bardet e Quintana seguraram os seus lugares no pódio.

Para a etapa 20, a organização marcou uma tirada curta, de montanha, mas sem final em alto, ao contrário da penúltima etapa do Tour 2015. Apesar de não ter chegada em alto, esta etapa trouxe um percurso duro, com quatro subidas: Uma de segunda categoria, para “aquecer”, seguida de duas primeiras categorias, terminando com uma categoria especial, em Col de Joux Plane, uma subida muito dura, com 11.6 quilómetros a 8.5% de inclinação. Uma descida traiçoeira levou os ciclistas do topo da última subida, até à meta, em Morzine (desde 2006, na vitória de Floyd Landis, que uma etapa do Tour não terminava aqui). Esta descida era apontada como ideal para os ciclistas mais habilidosos a descer pudessem fazer diferenças nesta parte do percurso.

Antes da etapa, Romain Bardet alertou para o perigo da parte final da etapa, com uma descida, seguida de uma zona plana, mas com muitas curvas: “Sou bom a descer. Têm de ser corridos riscos, mas com prudência”. Apesar do “aviso” de Bardet, Ion Izaguirre acabou por vencer a etapa, precisamente com um ataque nesta descida.

A última etapa aberta a “mexidas” na classificação

Avisados para os perigos da meteorologia, os ciclistas saíram de Megève, em direcção a Morzine (uma conhecida estância de Ski), no Este de França, junto à fronteira com a Suíça. A etapa começou com um minuto de silêncio, em memória das vítimas do ataque em Munique, no dia anterior.

Os primeiros quilómetros foram muito activos e, passadas as duas primeiras subidas do dia, formou-se uma fuga com cerca de 30 ciclistas, entre os quais Rui Costa, Peter Sagan, Ilnur Zakarin, Jarlinson Pantano, Vincenzo Nibali e o principal “perigo” para a classificação geral: Roman Kreuziger. O ciclista checo partiu para a etapa no 12.º lugar, a cerca de nove minutos da liderança, e, com a vantagem da fuga (cerca de quatro minutos), ameaçava o pódio de Bardet e Quintana.

A cerca de 70 quilómetros do fim, com duas montanhas ultrapassadas (Aravais e Colombière) e outras duas por ultrapassar (Ramaz e Joux Plane), a fuga fragmentou-se e, na frente, ficaram oito ciclistas: Izagirre, Nibali, Sagan, Kreuziger, Rui Costa, Pantano, Alaphilippe e Gougeard. Sagan trabalhou muito para Kreuziger e a vantagem destes homens para o pelotão chegou a passar os seis minutos, o que colocava, virtualmente, Kreuziger no segundo lugar da classificação geral. Perante o perigo de deixar a fuga – leia-se Kreuziger – a uma grande distância, o pelotão acelerou (Astana no comando) e reduziu, aos poucos, a vantagem da fuga.

Do grupo da frente “descolaram” alguns ciclistas, em simultâneo com o ataque de Thomas De Gendt, que se isolou. Rui Costa e Pierre Rolland ainda tentaram apanhar o belga, sem sucesso. Foram estes os três primeiros a passar na contagem de montanha no Col de la Ramaz. Na descida, o colombiano Pantano e francês Alaphilippe passaram por De Gendt, formando uma nova liderança na frente da corrida, seguidos pelo grupo de Rui Costa e Kreuziger, a cerca de 30 segundos.

A 17 quilómetros do final, informado das dificuldades de Fabio Aru no pelotão, Vincenzo Nibali, sem a responsabilidade de ajudar o seu líder, atacou na frente, passando por Alaphilippe e Pantano. Ao italiano juntar-se-iam Ion Izaguirre e, mais uma vez, Pantano, que deixaram Alaphilippe para trás. O trio de trepadores terminou a última subida na frente e, na descida, Izaguirre confirmou a fama de ser excelente nas descidas, ganhando vantagem suficiente para chegar isolado a Morzine. No pelotão, Froome teve um dia tranquilo, chegando à meta com quase todos os seus gregários da Sky.

Na geral, não houve alterações significativas e Chris Froome terá confirmado a vitória no Tour. Caso não aconteça nenhum percalço amanhã, na chegada a Paris, o britânico vencerá a Volta a França pela terceira vez. 

Os portugueses estiveram ambos integrados na fuga do dia, com Rui Costa a conseguir chegar no top-5 da etapa 20. Na geral, o ciclista da Lampre é 49.º, a 2h 11m 42s de Froome, enquanto Nélson Oliveira está no 81.º lugar, a 3h 04m 53s da liderança.Texto editado por Jorge Miguel Matias

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