Dragão com final feliz apesar de uma noite de masoquismo

Foi sofrível a vitória minimalista do FC Porto, que garantiu a continuidade na Europa e a ultrapassagem ao Copenhaga.

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Francisco Leong/AFP

Frente a um Brugge incapaz de explorar a gritante incapacidade do FC Porto para se afirmar e dissipar de vez as nuvens que carrega sobre a cabeça, André Silva fez nesta quarta-feira o golo que pôs fim ao jejum da equipa no Estádio do Dragão, em jogos da Champions (1-0). Ainda assim, a formação de Nuno Espírito Santo foi obrigada a sofrer até ao último segundo, mais pelas próprias inseguranças do que pelos encantos do futebol belga.

A principal novidade surgiu logo com a divulgação dos “onzes” e com o reaparecimento surpresa de Maxi Pereira em detrimento de Layún. Uma alteração cirúrgica, atendendo ao que tem sido o rendimento do lateral mexicano. Layún foi o autor do primeiro golo do FC Porto na Bélgica - redimindo-se de uma falha que deu vantagem ao Brugge – e tem sido uma das referências do “dragão”.

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A previsibilidade do jogo portista manteve a equipa refém de uma série de equívocos que foram alimentando a ténue esperança dos mais de três milhares de belgas que se deslocaram ao Porto. Para um quadro de depressão crescente muito contribuiu Herrera, cada vez com menor margem de manobra junto da franja de adeptos portistas. O mexicano entrou desligado, destruindo rapidamente os níveis de autoconfiança e a tolerância da plateia.

Óliver Torres (que viu um penálti perdoado pelo árbitro) procurava desesperadamente entrar na corrente certa, mas foi Casillas a ter que dar um abanão na consciência portista, negando o golo ao Club Brugge com uma réstia de classe que só Diogo Jota e André Silva percebiam.

O FC Porto colocava-se numa posição incómoda, à mercê de um golpe do destino, perfeitamente incapaz de dar um murro na mesa para a tão ansiada demonstração de força. Sem precisar de tradução, Preud’homme via, mesmo à distância, a intranquilidade que grassava no Dragão.

Só não previa o livre que Alex Telles atirou ao poste. Um lance decisivo para acordar a fera que hibernou em jogos de Champions há cerca de um ano, quando o FC Porto venceu pela última vez. André Silva mostrava-se e, depois de improvisar o extremo que faltava ao jogo do FC Porto, surgiu a cabecear para golo, com a colaboração de Pina (37').

O mais difícil parecia ter sido conseguido, mas a segunda parte trouxe de volta a passividade e o conformismo. O Brugge atrevia-se a trocar a bola e voltava a empurrar os locais para uma espiral de masoquismo a que só Danilo resistia.

A contundência pedida à equipa era pura miragem. O FC Porto vivia de rasgos, esperava um sinal de Copenhaga e amarrava Jesús Corona no banco. A margem era demasiado curta, mas só à segunda substituição jorrou sangue nas veias do “dragão”. Alex Telles e André Silva esticavam o jogo e criavam as oportunidades que iam mantendo o respeito e a ordem.

Mas a noite era de nervos e, quando Layún foi chamado, Casillas decidiu comprometer Danilo, oferecendo a meias uma ocasião flagrante que o Brugge não teve arte nem engenho para aproveitar. O FC Porto caminhava no limite e acabava de rastos emocionalmente, mesmo que a classificação (é segundo classificado no Grupo G) desminta tanto desvario.

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