“Dragão” entrega-se a carrasco de Leicester e reduz margem de erro

Complexo inglês e "azar" com Slimani foram demasiado intensos para as fragilidades do FC Porto.

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Carl Recine/Reuters

Ainda não foi desta que o FC Porto quebrou a maldição que carrega em terras de sua majestade, cedendo na 2.ª jornada frente ao Leicester City, num jogo que marcava a estreia do campeão inglês em casa, para a Liga dos Campeões. O “dragão” confirmou, com esta derrota (1-0), a incapacidade para ser feliz no berço do futebol, voltando a mostrar que não possui antídoto para travar Slimani, o carrasco portista.

Com este resultado, o FC Porto vê esmagada a margem de erro na prova milionária, sendo imperiosa uma reacção que permita confirmar o estatuto de um dos favoritos num grupo teoricamente acessível.
Para uma abordagem eficaz, Nuno Espírito Santo apostou no “onze” que levou o Boavista de vencido, para a Liga portuguesa, na expectativa de poder monopolizar a bola e diluir a agressividade do campeão inglês, que se apresentava empolgado com a estreia europeia no King Power Stadium.

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Inicialmente, a ideia até resultou, com os portistas a circularem bem a bola e a gerirem os tempos de um jogo que poderia ter tido contornos bem diferentes caso a tentativa de André Silva surpreender o guarda-redes Schmeichel, com um chapéu, tivesse tido sucesso.

O FC Porto dava um ar da sua graça, mas com Adrián López a voltar ao registo irregular que tem marcado a sua passagem pelo Dragão, faltavam apoios a André Silva, tornando inglória a missão de Otávio, nas incursões a partir da esquerda, e perturbando ainda a concentração de Óliver Torres.

Bloqueado o centro nevrálgico do “dragão”, para acelerar as intenções portistas restavam os corredores, onde Layún e Alex Telles investiam com assertividade, embora apenas na medida do possível. Até porque o Leicester percebia, aos poucos, que podia começar a apertar os centrais portistas e a impor o jogo que mais lhe convinha.

Simultaneamente, o FC Porto batia em retirada e desaparecia praticamente de cena, escondendo-se estranhamente na sombra do campeão da Premier League.

Com a intensidade de jogo a aumentar exponencialmente, o FC Porto revelava todas as suas fragilidades, parecendo completamente perdido no labirinto britânico e confirmando a inabilidade para mudar a história dos confrontos europeus com equipas inglesas.

E para tornar o quadro ainda mais confrangedor, entregava-se aos encantos do “carrasco” Islam Slimani: num golpe de cabeça após cruzamentro da direita, aos 25’, o argelino fez um golo que nem Jesús Corona conseguiu mitigar com aquela bola devolvida pelo poste de Schmeichel perto dos 90 minutos.

Desta digressão por terras de sua majestade sobra muito pouco da ideia de jogo que Nuno Espírito Santo pretende implementar, apesar de na segunda parte se ter assistido a uma tentativa de inverter o destino, ainda que numa luta inglória que colocou a nu a incapacidade para operar qualquer tipo de revolução a partir do banco.

Tudo numa altura em que Otávio começara a exercer influência em zonas mais centrais. A entrada de Herrera não acrescentou nada de relevante ao desígnio portista, que tentou, com a inclusão de Diogo Jota e Jesús Corona, flanquear o Leicester, sem, contudo, conseguir perturbar Claudio Ranieri.

Para o técnico italiano — que se limitou a substituir os jogadores mais influentes apenas para serem aplaudidos pelos adeptos — bastou ostentar o brasão garantido na época de sonho para prolongar o conto de fadas. O sonho do FC Porto, num grupo acessível, depois das provas dadas frente à Roma, começa a ser questionado, embora faltem disputar 12 pontos, o que obriga Nuno Espírito Santo a apelar a todos os sentidos de sobrevivência do “dragão”.

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