A Liga continua a ser uma corrida de um só sentido para o FC Porto

“Dragões” ultrapassaram, em Vila do Conde, mais um teste exigente e mostraram uma outra faceta da sua versatilidade táctica. O Rio Ave pode vangloriar-se de ter marcado a um rival que ainda não tinha sofrido.

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LUSA/JOSE COELHO

Na corrida de obstáculos que é o campeonato, o FC Porto conseguiu neste domingo galgar mais um, o sexto consecutivo. Em Vila do Conde, diante de um adversário que trata a bola por tu, os “dragões” voltaram a abordar o jogo com os equilíbrios e o guião adequados às circunstâncias. O Rio Ave discutiu 45 minutos com personalidade, mas foi surpreendido no segundo tempo, averbando uma derrota (1-2) que tem como prémio de consolação o facto de ter sido a primeira equipa desta Liga a fazer um golo a Casillas.

Sérgio Conceição tem provado, semana após semana, ser um treinador astuto. Diante de um Rio Ave que não tem problemas em sair a jogar apoiado, mesmo quando está sob pressão, o técnico do FC Porto trocou o habitual 4x4x2 por um 4x2x3x1 e adoptou, inicialmente, uma atitude mais expectante no momento do pressing, equilibrando dessa forma a zona central de um meio-campo que quase nunca foi ultrapassado.

De fora, ficaram os habitués Óliver e Corona, substituídos por Herrera e Otávio, com Marega a descair sobre a direita. Do lado contrário, o duplo pivot do meio-campo era composto por Tarantini e Leandrinho, surgindo Ruben Ribeiro como o criativo de serviço. Um estratego devidamente vigiado e cujas acções foram sendo continuamente estancadas em zonas muito recuadas.

Esse, entre outros, foi um dos méritos do FC Porto, que mesmo sem conseguir recuperações em terrenos tão adiantados foi obtendo superioridade numérica na zona da bola. No momento da posse, atacava sobretudo pelos corredores laterais e foi assim que pôs em sentido o adversário logo nos primeiros minutos, com um remate perigoso de Brahimi na passada, e aos 26’, com um disparo de Marega à trave.

O Rio Ave responderia dois minutos depois, numa acção individual de Oscar Barreto, ainda que as duas ocasiões mais interessantes tenham saído da cabeça de Guedes.

Ao intervalo, Sérgio Conceição relançou os dados. Baixou ligeiramente as linhas de modo a atrair um pouco o Rio Ave e a poder explorar com mais facilidade a profundidade. E foi assim que chegou o primeiro golo, ainda que ao segundo take: Otávio isolou Aboubakar e o camaronês permitiu o corte de Marcelo. No pontapé de canto subsequente, Danilo nem precisou de voar para cabecear entre os centrais (54’).

Caiu o pano sobre a face mais risonha do Rio Ave, que nos minutos seguintes viveu o seu período mais cinzento, com dificuldades de ligação ainda na primeira fase de construção que convidaram o FC Porto a acelerar. E, quando se trata de acelerar, Marega não pede licença. Fugiu a Bruno Teles pela direita, viu a bola ressaltar para Brahimi e foi em pezinhos de lã para a área colocar-se em boa posição para finalizar (68’).

Com dois golos na bagagem e a qualidade defensiva que se reconhece a este FC Porto, Sérgio Conceição lançou Maxi (Ricardo Pereira passou a actuar como extremo) e Soares (Aboubakar recolheu ao banco), numa toada de gestão. Miguel Cardoso respondeu, no outro banco, com João Novais (Barreto) e Karamanos (Guedes), sem alterar uma vírgula do plano de jogo.

O Rio Ave ia tentando construir, mas Danilo parecia multiplicar-se no meio-campo defensivo dos “azuis e brancos”. Até que, num momento de indefinição na ala direita (Alex Telles saiu lesionado e Ricardo Pereira e Maxi, que resvalaria para a esquerda, ainda acertavam posições), Karamanos ganhou a bola e assistiu Nuno Santos nas costas de Marcano. O extremo aproveitou para abrilhantar a exibição com um golo (80’), o primeiro sofrido pelo FC Porto neste campeonato.

Um percalço menor, ainda assim, na caminhada de um candidato ao título que, se continuar neste ritmo, chegará ao dia 1 de Outubro em excelente condição para discutir com o Sporting a eleição do líder da Liga.

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