Espírito Santo sai um ano depois, pela porta pequena e sem troféus

Os “dragões” anunciaram ao início da noite, nos canais oficiais do clube, a rescisão de contrato com o treinador, que tinha ainda um segundo ano de contrato para cumprir.

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MARIO CRUZ/LUSA

O FC Porto anunciou nesta segunda-feira, sem surpresa, que Nuno Espírito Santo não continuará como responsável técnico dos portistas na próxima temporada. O treinador, que tinha mais um ano de contrato com os “dragões”, sucedera a José Peseiro num contexto de renovação de paradigma, do espírito e da mística portistas, mas falhou claramente o objectivo traçado no arranque da época, pelo que sai após o primeiro ensaio, uma medida inédita no Dragão, que dispensa pela primeira vez um técnico sem qualquer conquista ao fim de uma época.

A confirmação oficial da rescisão entre o FC Porto e Nuno Espírito Santo era, de resto, um desfecho inevitável, e de certo modo previsível, após mais uma época em branco para o Dragão, depois de ter tido oportunidade de ultrapassar o líder e ter falhado perante o próprio público.

Nuno Espírito Santo não encontrou, em ano de estreia, o antídoto de que o FC Porto tanto necessitava para alterar a dinâmica negativista e a seca de troféus que intensifica a frustração do universo portista. Plateia sedenta de êxitos desde que Vítor Pereira “ajoelhou” o então técnico benfiquista Jorge Jesus nos descontos do clássico de 2012-13, no Dragão.

A chegada de Paulo Fonseca, contratação fracassada que conduziria a uma aposta arriscada no espanhol Julen Lopetegui — igualmente sem sucesso — e posteriormente à chamada de José Peseiro, revela agora um problema que transcende o perfil dos técnicos escolhidos, com Nuno Espírito Santo a surgir num contexto financeiro problemático, após um par de anos de forte investimento sem retorno.

Apesar de ter contrato até 2018, o técnico perdeu a confiança da administração da SAD, cuja relação acabou por degradar-se de forma irreversível na recta final da campanha portista, fruto da sequência de empates que arredaram o clube portuense da luta pelo título, deixando livre a via do “tetra” para o rival Benfica.

Era, no fundo, o culminar de um trajecto que Nuno Espírito Santo iniciara fortemente pressionado pela imperiosa necessidade de colocar a equipa na fase de grupos da Liga dos Campeões. Um objectivo que esteve, aliás, em risco. Especialmente depois do empate imposto pela Roma, no Dragão. Nuno Espírito Santo acabaria, contudo, por superar o desafio com uma goleada (0-3) em Itália, no segundo jogo do play-off. Mas quando parecia estar bem lançado, a derrota em Alvalade, na 3.ª jornada, determinava a primeira crise, tanto interna como internacionalmente, com a equipa, apesar de um grupo acessível, a só atingir a custo os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, onde foi eliminada pela Juventus.

Mas os problemas estenderam-se à Taça de Portugal, com Nuno Espírito Santo a deixar fugir a possibilidade de voltar ao Jamor, onde o seu antecessor, José Peseiro, tinha perdido frente ao Sp. Braga, no desempate por grandes penalidades. Com Nuno, o “dragão” saía de cena em Chaves, mais uma vez no desempate por grandes penalidades, hipotecando ainda as aspirações na Taça da Liga, ficando-se pela fase de grupos após dois empates em três jogos.

No total, Nuno Espírito Santo liderou os portistas em 49 jogos oficiais, tendo somado 27 vitórias, 16 empates e seis derrotas. No campeonato, os “azuis e brancos” concluíram no segundo lugar, a seis pontos do Benfica.

Antes de treinar os portistas, Nuno Espírito Santo, de 43 anos, esteve duas épocas no comando do Rio Ave, seguindo depois para Espanha onde esteve durante uma época e meia na liderança do Valência.

Comunicado do FC Porto enviado à CMVM

“A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, nos termos do artigo 248º nº1 do Código dos Valores Mobiliários, vem informar o mercado que chegou a acordo com o treinador da equipa principal de futebol, Nuno Espirito Santo, para a cessação do seu vínculo contratual. Esta rescisão produz efeitos a partir da presente data.

O Conselho de Administração Porto, 22 de maio de 2017”

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