O Rio Ave dividiu o jogo mas só o FC Porto somou pontos

A partida que assinalou o arranque do campeonato 2016-17 terminou com um triunfo dos "dragões", em Vila do Conde (1-3).

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Herrera festeja o golo que resultou no 1-2 Francisco Leong/AFP
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Cássio segura a bola perante a pressão de Felipe Francisco Leong/AFP

Se a maioria dos jogos da Liga que arrancou nesta sexta-feira tiver metade da qualidade do Rio Ave-FC Porto, o futebol português poderá dar-se por satisfeito. Intensidade, estratégia, golos, incerteza, o encontro que deu o tiro de partida para o campeonato teve ingredientes suficientes para justificar a boa casa que se viu em Vila do Conde. E terminou com um vencedor (1-3 para os "dragões") que deixou sinais de vitalidade para ser mais candidato do que nos últimos anos. 

Desde o minuto um que as diferentes abordagens ficaram bem vincadas. O FC Porto, no seu 4x3x3, construía a partir de trás, com futebol apoiado e a apostar em Herrera como médio de transição. Em organização ofensiva, André André era praticamente um segundo avançado, nas costas de André Silva, enquanto os extremos flectiam frequentemente para o meio à procura de combinações à entrada da área. Foram, de resto, Otávio e Corona os responsáveis por agitar um pouco as águas no último terço do terreno. 

Do outro lado, o Rio Ave manteve-se fiel ao 4x4x2 losango de Nuno Capucho, mas com um meio-campo mais de combate. Depois da eliminação na Liga Europa, os vila-condenses surgiram com Pedro Moreira e Tarantini nos vértices laterais, à frente de Wakaso, e Ruben Ribeiro um pouco mais adiantado, no apoio a Gil Dias e Heldon. A equipa ganhava mais estabilidade no momento da perda de bola e muita mobilidade nas saídas, até porque o jogo mais directo nunca deixou de ser ensaiado.

Foi nestas bases que a partida foi lançada e os primeiros sinais de perigo chegaram aos 4', com o trio Herrera-Otávio-André Silva a combinar com qualidade, obrigando à intervenção de Pedrinho. A solução voltaria a ser explorada aos 24', quando Otávio se libertou da marcação e inventou espaço para André Silva finalizar: a bola terminou nas mãos de Cássio. Antes, Tarantini tinha puxado dos galões com um remate de fora da área e um passe vertical que terminou com um livre à entrada da área do FC Porto e um cartão amarelo para Alex Telles.

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O equilíbrio era evidente, a cultura de risco reduzida e a capacidade para acelerar o jogo ainda limitada. Mas os lances de bola parada costumam ser um dos pratos fortes do Rio Ave e a estratégia resultou: aos 36', Marcelo aproveitou a marcação zonal da defesa "azul e branca" para surgir num espaço vazio a cabecear para o segundo poste. Primeira assistência para golo na Liga 2016-17 atribuída a Heldon (na sequência de um canto), primeiro golo ao central brasileiro.

Golpe duro mas pouco duradouro no ego do FC Porto. Bastaram quatro minutos para uma resposta à altura: novo lance de futebol apoiado, cruzamento de Alex Telles e remate tão espontâneo quanto cirúrgico de Corona, à meia-volta, assegurando o empate antes do intervalo. Cássio esboçou uma expressão de impotência e o sentimento repetiu-se instantes depois, quando o mexicano entrou em diagonal para controlar um passe de Danilo e atirar ao poste.

A reviravolta dos "dragões" ia ter de esperar... mas não muito. Do balneário os visitantes voltaram com a mesma dinâmica e um pouco mais de inspiração. Nova triangulação a meio-campo com movimento interior de Otávio e Herrera, de fora da área, a arriscar um pontapé para mais tarde recordar. Bola na parte inferior da trave e a resvalar para as redes da baliza.

Marcava 52 minutos o relógio e o pior para o Rio Ave ainda estava para vir. Marcelo, herói e réu ao mesmo tempo, manchou o golo que havia marcado com uma carga pelas costas na grande área, quando Otávio se preparava para se isolar. Expulsão, penálti e 1-3, cortesia de André Silva, à segunda tentativa (Cássio ainda travou o primeiro remate).

Os anfitriões, que já tinham tentado arriscar um pouco mais (troca do influente Pedro Moreira por Ronan), ficaram ainda mais arredados da discussão do resultado, ainda que não por muito tempo, já que Alex Telles viu o segundo amarelo por ter atingido Heldon com o braço e repôs a igualdade numérica sobre o terreno de jogo.

Nuno Espírito Santo reequilibrou o tabuleiro, lançando Layún para a ala esquerda da defesa (saiu Otávio) e organizando a equipa numa espécie de 4x1x4x1, antes de promover a estreia de Laurent Depoitre (e dar azo a mais uma ovação para André Silva, no momento da saída) e de dar um voto de confiança a Adrián López (entrou aos 82'). A precisar de arriscar, o Rio Ave forçou e o adversário controlou, também com a ajuda de Casillas. Estava assegurado o primeiro triunfo do primeiro candidato a entrar em acção no campeonato.

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