As notícias da fuga ao Fisco espanhol no mundo do desporto continuam. Esta terça-feira, a mais recente denúncia recai sobre José Mourinho, ex-treinador do Real Madrid. O Fisco espanhol apresentou uma denúncia contra o treinador português, acusando-o de fraude no valor de 3,3 milhões de euros. A notícia está a ser avançada pela imprensa espanhola.

Em causa estarão irregularidades cometidas entre 2011 e 2012. O Ministério Público espanhol calcula que os montantes ascendam a 3.304.670 euros, dos quais 1.611.537 relativos a 2011 e 1.693.133 referentes a 2012. Mourinho foi treinador dos "merengues" entre 2010 e 2013.

Notícia surge no mesmo dia em que é conhecida a data em que Cristiano Ronaldo, também acusado pelas autoridades espanholas, será presente à Justiça espanhola.

A denúncia refere que Mourinho fez um contrato em Setembro de 2004, cedendo os direitos de imagem à Kooper Services SA, uma sociedade com sede nas ilhas Virgens britânicas. Mourinho terá rubricado, no mesmo dia, um contrato de cedência dos direitos de imagem entre a Kooper e a Multisports Image Management Limited, que quatro anos depois terá subscrito com a Polaris Sports Limited, empresa com o mesmo domicílio fiscal, um contrato de representação e negociação de contratos comerciais.

O Ministério Público espanhol considera que com este "expediente" se pretende "tornar opacos" os benefícios provenientes dos direitos de imagem. O actual técnico do Manchester United terá apresentado as declarações de 2011 e 2012 sem incluir as receitas referentes aos direitos de imagem, tendo sido notificado em Julho de 2014 de uma investigação relativa aos rendimentos de 2010 a 2012 e de 2013 na qualidade de não residente.

José Mourinho terá reconhecido em 2015 a falta da declaração de direitos de imagem e terá pago uma coima de 1,14 milhões de euros. Ainda assim, o fisco não encerrou a questão por entender que a Kooper Services terá sido "criada pelo acusado com o objetivo de ocultar os direitos de imagem", afirmando que o português é o único titular da sociedade, através da Kaitaia Trust, sediada na Nova Zelândia, da qual Mourinho é fundador e beneficiário, juntamente com a mulher e filhos, de acordo com a Procuradoria.

"O acusado apresentou documentação relativa a gastos da sociedade que não correspondem à realidade", conclui o comunicado.