El-Hadary já é o mais velho da CAN e quer ser o mais velho do Mundial

O veterano guarda-redes do Egipto vai tentar amanhã um quinto título de campeão africano frente aos Camarões. Não se dá é muito bem com Manuel José.

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El-Hadary defendeu dois penáltis no desempate com o Burkina Faso Amr Abdallah Dalsh/Reuters

Não é nenhum segredo que os guarda-redes são, por regra, os jogadores com mais longevidade competitiva. Ainda neste último Europeu, Gabor Kiraly, o “homem do pijama”, guardou as redes da Hungria com 40 anos e 74 dias. Em Mundiais, oito dos dez jogadores mais velhos são guarda-redes. Lidera esta lista o guardião colombiano Faryd Mondragón, que, com 43 anos e três dias, cumpriu 5 minutos num jogo do Mundial 2014. Mas o lugar de Mondragón estará seriamente em risco. Há um egípcio de 44 anos que continua no topo das suas capacidades e que quer prolongar a sua longevidade até 2018. Chama-se Essam El-Hadary, já é o jogador mais velho da história da Taça das Nações Africanas e quer continuar até ao Mundial da Rússia em 2018.

Mas não se pense que El Hadary tem um papel residual para fazer bom ambiente na selecção e que vê do banco os feitos da selecção egípcia que vai amanhã disputar a final da CAN 2017, no Gabão, com os Camarões. O quarentão egípcio não só é o titular da baliza dos “Faraós”, como tem sido absolutamente decisivo. Na verdade, até começou como suplente, mas foi só durante os primeiros 25 minutos do primeiro jogo da fase de grupos contra o Mali. Uma lesão do titular Ahmed El-Shenawy, do Zamalek, fez com que Hadary entrasse em campo.

Cinco jogos, quatro vitórias, quatro jogos sem sofrer golos e dois penáltis defendidos, incluindo aquele cobrado pelo guarda-redes do Burkina Faso e cuja parada de Hadary apurou o Egipto para mais uma oportunidade de enriquecer o seu palmarés continental – é a selecção com mais títulos de campeão africano, sete, sendo que Hadary esteve em quatro deles, o primeiro dos quais no longínquo ano de 1998, era ele uma “criança” de 25 anos. E num continente em que os guarda-redes não têm grande reputação, Hadary é consistentemente considerado como um dos melhores africanos da sua posição, tendo sido eleito, por exemplo, como o melhor guarda-redes da CAN em três ocasiões.

Com toda a sua longevidade e provas de capacidade, Hadary praticamente nunca saiu do futebol egípcio, apenas uma curta passagem pelos suíços do Sion em 2008, que gerou bastante polémica com aquele que tinha sido o seu clube da década anterior, o Al-Ahly. E que motivou um azedar de relações com o treinador português Manuel José, um distanciamento que se mantém até hoje. Na altura, o técnico algarvio chegou a dizer que Hadary (a quem tinha tirado a braçadeira de capitão) “era capaz de vender a família por dinheiro”, com o guarda-redes a anunciar a intenção de processar o treinador. Recentemente, Manuel José reforçou a sua visão, chamando a Hadary “o Pinóquio do Egipto” por se ter ido embora sem dizer a ninguém e poucos dias antes de um jogo. Hadary respondeu com um “ainda bem que o Al-Ahly não o voltou a contratar, sabiam que ele só ia criar problemas”.

Ganhando ou não mais um título de campeão africano, o que Hadary quer mesmo é estar num Mundial de futebol pela primeira vez. Para já, o Egipto, que não está num Mundial desde 1990, está bem encaminhado, com duas vitórias em dois jogos na terceira fase das qualificações africanas, liderando o seu grupo de apuramento. “Temos boas hipóteses de nos qualificarmos para a maior competição de todas e eu quero ser parte disso”, diz Hadary, que terá 45 anos quando se jogar o próximo Mundial de futebol.

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos

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