Do Estádio do Dragão à Cidade do Futebol

Atelier responsável pelo projecto louva o cumprimento dos prazos e do orçamento.

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A Cidade do Futebol ainda em construção Miguel Manso

Depois do Estádio do Dragão, o atelier de arquitectura Risco voltou a deixar a sua marca no futebol nacional com a assinatura do projecto da Cidade do Futebol. A proposta apresentada em Dezembro de 2013, após um convite da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para participar num processo de consulta pública restrita, nem era aquela que melhor traduzia os pressupostos iniciais do organismo presidido por Fernando Gomes, mas acabou por convencer os responsáveis federativos.

“No essencial, o projecto final é rigorosamente aquele que propusemos a concurso, apesar de terem existido algumas alterações de pormenor. A FPF propunha construir quatro edifícios, que correspondessem à sede, ao Centro Técnico de Futebol (CTF), centro logístico e ao núcleo de acolhimento, mas nós acabámos por fazer uma proposta exactamente em sentido contrário: propusemos um edifício único que articulava todas essas valências do modo como eles pretendiam”, contou ao PÚBLICO o arquitecto Jorge Estriga, um dos coordenadores do projecto: “Com esta solução conseguimos um edifício mais compacto e articulado com os campos de treino.”

Bem aproveitadas foram também as características do terreno. “Cerca de 70% da área total era aparentemente plana, mas com uma diferença de nível entre o topo norte e o topo sul de 20 metros, que equivale a um edifício de seis ou sete pisos”, relembrou Jorge Estriga, explicando que esta particularidade acabou por servir para garantir a privacidade necessária aos trabalhos da selecção A. Os campos destinados aos treinos da equipa de Fernando Santos ficaram situados a um nível superior, que permite que não sejam observados do exterior, ao contrário dos restantes, destinados às selecções jovens: “Por um lado, este tinha de ser um recinto aberto ao exterior, mas também ter o seu recato. O desnível acabou por possibilitar isso.”

Jorge Estriga destaca igualmente o respeito pelos prazos estabelecidos inicialmente para a conclusão da obra, apesar das contrariedades que foram surgindo. “Sempre achei que iria conseguir inaugurar-se no prazo previsto. Não fiquei admirado, mas é sempre um feito. Até porque o terreno é atravessado pela adutora da Costa do Sol, que é uma conduta com um metro de diâmetro que leva a água para a Linha do Estoril, que teve de ser desviada, através de uma obra bastante pesada. A par disto, também passava por ali uma das quatro condutas de entradas de gás natural em Lisboa, com uma enorme pressão, que também foi preciso desviar. Infra-estruturas pesadas que obrigam a procedimentos muito exigentes”, revelou o arquitecto do atelier Risco, que teve mais de dez arquitectos envolvidos no projecto, desde a fase de concepção até ao final da obra.

No final, tudo correu bem apesar das dificuldades acrescidas. “Na construção da Cidade do Futebol, houve uma preocupação pela simplicidade e funcionalidade, mas com dignidade nos espaços mais públicos. Houve sempre a preocupação, desde o início, em construir um edifício representativo, que projectasse a imagem da FPF. No interior tem tudo o que é necessário, com dignidade e de acordo com o orçamento que estava previsto. Penso que corresponde às expectativas”, concluiu.

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