Derek Drouin ganha final da altura

Canadiano chega ao ouro numa final que soube a pouco. Nos 110m barreiras, a vitória foi para um jamaicano.

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REUTERS/Fabrizio Bensch

O salto em altura foi, há dois anos, a disciplina vedeta da temporada atlética, com vários atletas acima dos 2,40m e ficando a sensação de que o velho recorde mundial do cubano Javier Sotomayor – 2,45m em Salamanca, em 1993 – poderia finalmente cair. O qatari Mutaz Barshim saltou 2,43m, os ucranianos Bohdan Bondarenko e Andriy Protsenko 2,42m e 2,40m, respectivamente, o canadiano Derek Drouin também 2,40m. Depois de uma temporada de 2015 de novo em baixa, globalmente falando, todos estes intérpretes de topo reencontraram-se, na final olímpica do Rio, no que a priori deveria constituir um acontecimento atlético.

E a prova foi boa, mas deixou um sabor a pouco, isto porque o vencedor não quis, até ao fim, tentar entrar de novo na casa dos 2,40m. A 2,33m passaram todos os detentores de recorde pessoais a 2,40m ou mais – Barshim, Protsenko, Bondarenko e Drouin –, e ainda o britânico Robert Grabarz. Já a 2,36m Grabarz e Protesnko ficaram de fora, enquanto Drouin e Barshim transpunham ao primeiro ensaio e, fiel à sua queda para arriscar, Bondarenko dispensava essa fasquia para tentar directamente 2,38m.

Foi aqui que a prova se decidiu. Drouin, o mais impressionante de todos a cada fasquia, voltou a passar à primeira e Barshim “emperrou”, não ficando perto do sucesso em qualquer das três tentativas de que dispunha.

Bondarenko falhou duas vezes e guardou a tentativa remanescente para 2,40m, mas como não teve sucesso o canadiano ficou de imediato com a medalha de ouro, que juntou ao título mundial do ano passado, conquistado em Pequim.

Drouin ainda fez uma tentativa a 2,40m, marca que igualava o seu máximo pessoal, mas, tendo também falhado, desistiu de saltar mais e passou aos festejos. Barshim ficou com a prata, o ucraniano com o bronze.

Surpresa nos 1500m femininos

A final feminina de 1500m estava prometida à etíope Genzebe Dibaba, que o ano passado se apoderara do recorde mundial com a fabulosa marca de 3m50,07s, sendo a primeira a bater um recorde mundial vindo dos Jogos Nacionais chineses de 1993. Mas as coisas não correram como previsto.

Acreditando que poderia ganhar de qualquer maneira, em prova com qualquer perfil táctico, Dibaba deixou que a corrida fosse ultralenta e que de início as duas fortíssimas americanas, Jenny Simpson e Shannon Rowbury, se colocassem na frente do pelotão para travar o ritmo. Foi assim que todas passaram aos 800m em 2m27s, e a partir daí começaram as escaramuças.

Genzebe Dibaba atacou longe da meta, ainda na terceira volta da corrida, e de imediato só seguiram com ela a recordista queniana Faith Kipyegon e a britânica Laura Muir, que há pouco batera o recorde nacional com 3m57,49s. Muir começou a ficar para trás a 250m da meta e, para surpresa geral, um pouco mais à frente Kipyegon descolou de Dibaba e entrou sozinha na recta da meta. Apesar dos esforços da etíope, a queniana foi fugindo para uma vitória muito larga, com 4m08,92s, e as americanas entretanto, atacaram a segunda posição de Dibaba, que resistiu por pouco (4m10,27s) à aproximação de Jenny Simpson (terceira, 4m10,53s), atleta que, já em 2009, fora campeã mundial.

Kipyegon, atleta de todo o terreno, voltou a mostrar que há que contar com ela a cada ocasião, enquanto Muir ia sendo ultrapassada por boa parte do pelotão, acabando em sétima, atrás da segunda americana, a recordista nacional Shannon Rowbury (4m11,05s), da holandesa Sifan Hassan (4m11,23s) e da sueca Meraf Bahta (4m12,59s).

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A queniana Faith Kipyegon quebrou o domínio etíope no meio fundo REUTERS/Dominic Ebenbichler

Jamaica, outra vez

A outra final do dia, os 110m barreiras masculinos, sempre mostrou ser uma das mais americanas do programa olímpico, embora desde 2000 até ao Rio os EUA tenham perdido três em quatro finais: em 2000 para o cubano Anier Garcia; em 2004 para o chinês Liu Xiang; e em 2008 para outro cubano, Dayron Robles. Em 2012 voltaram às vitórias, com Aries Merritt, mas desta vez ele estava ausente da equipa e os que foram à final ficaram de novo fora do pódio.

A corrida decisiva apresentava-se, comos sempre, muito tensa e quem menos errasse poderia ganhar. Esse homem foi Omar McLeod, da Jamaica, atleta que dominou todo o início de temporada mas que tivera dois percalços (uma queda e uma desqualificação) recentes em meetings europeus que fizeram duvidar da sua eficácia sob pressão. McLeod teve uma corrida de excelente nível, entalado na pista do meio entre os franceses Pascal Martinot-Lagarde, à sua direita, e Dimitri Bascou, à esquerda, não totalmente fluida como já se lhe viu, mas o suficiente para a ocasião.

Martinot-Lagarde manteve a tradição de se contrair demasiado nos momentos-chave, derrubou várias barreiras e acabou fora do pódio, em quarto com 13,29s, mas Bascou esteve noutro plano e foi quem terminou melhor, juntamente com o espanhol de origem cubana Orlando Ortega, que passa assegurar a medalha de bronze (13,24s), atrás de Bascou (13,17s). McLeod já tinha grande avanço e culminou com 13,05s, a sete centésimos do seu melhor tempo de 2016, enquanto da parte americana Devon Hall, o campeão nacional, era o melhor, em quinto com 13,31s, e Ronnie Ash conhecia a desqualificação.

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McLeod vence corrida em que os EUA ficaram fora do pódio REUTERS/Lucy Nicholson
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