Consternação pelo atentado em Manchester marca final da Liga Europa

“Os nossos pensamentos estão com as vítimas”, vincou José Mourinho. Manchester United enfrenta o Ajax

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Estocolmo receberá a partida decisiva da Liga Europa LUSA/PETER POWELL

Semblantes fechados, gestos pouco expansivos e um ambiente geral longe da festa que seria de esperar na véspera de um jogo que vale um troféu: a final da Liga Europa fica marcada pelo atentado de segunda-feira à noite em Manchester, no final de um concerto da cantora norte-americana Ariana Grande, com uma explosão a provocar 22 mortos. “Estamos desolados por este acontecimento trágico. Os nossos pensamentos e sentimentos estão com as vítimas e as suas famílias”, afirmou o treinador do Manchester United, José Mourinho, citado num comunicado do clube.

Os “red devils” viajaram para Estocolmo, onde esta noite defrontam o Ajax (19h45, SIC) “sem a felicidade que antecede os grandes jogos”. “Temos uma missão na Suécia e vamos cumpri-la”, acrescentava o técnico português, cuja conferência de imprensa foi cancelada. A equipa subiu ao relvado, mas não chegou a treinar-se. E, antes do início da partida desta noite, será respeitado um minuto de silêncio.

“Em nome do Ajax, gostaria de manifestar a nossa solidariedade para com as vítimas. Sinto que a final não vai ter o brilho que deveria. Devíamos viver uma festa, mas por causa dos acontecimentos em Manchester todos seremos afectados”, lamentou o treinador dos holandeses, Peter Bosz. “Há pouco tempo [Ariana Grande] esteve em Amesterdão e as esposas de vários jogadores foram ao concerto com os filhos, por isso isto toca-nos muito”, sublinhou.

Em termos desportivos, a final desta noite vai opor dois estilos distintos: o Manchester United e os seus milhões frente ao Ajax e a sua aposta nos jogadores formados na academia. Com uma idade média de 22 anos e sem qualquer experiência em finais europeias, os holandeses terão na equipa de José Mourinho um adversário complicado, apesar das ausências de Bailly (suspenso), Shaw, Ibrahimovic, Rojo e Young (lesionados).

Os holandeses procuram regressar aos dias de glória europeia — foi há precisamente 22 anos que o Ajax conquistou a Liga dos Campeões, numa final disputada em Viena perante o Milan.

“Conhecem o sistema de jogo. Têm uma filosofia e sabem o que devem fazer quando a partida começar”, apontou Edwin van der Sar, ex-guarda-redes de Ajax e Manchester United e actualmente dirigente do emblema de Amesterdão, para defender que a juventude não será obstáculo para o Ajax. Kasper Dolberg e Davy Klaassen são jogadores que se têm destacado e são alvo de cobiça, mas Van der Sar disse que isso é natural: “Sabemos que estão prontos para o próximo passo, num clube diferente. Isso não é um problema. Se a nossa academia funcionar bem, os sucessores estarão prontos para ocupar o lugar vago.”

Mourinho afirmou há cerca de um mês que disputar a final da Liga Europa seria “o final perfeito para a época”. O técnico passou a dar prioridade à competição como meio de obter um lugar na Liga dos Campeões da próxima época quando a situação na Premier League se complicou (o Manchester United terminou no sexto lugar). Se vencer, esta noite, conquistará o quarto troféu europeu da carreira, a juntar às duas Champions (FC Porto 2004 e Inter de Milão 2010) e à Taça UEFA (FC Porto 2003).

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