Conselho de Arbitragem explica decisões em lances capitais da 1.ª jornada

Federação debruça-se sobre o âmbito da actuação do videoárbitro e as intervenções decisivas no jogos do Benfica e FC Porto, entre outros.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

É uma acção de pedagogia para acompanhar os primeiros passos do videoárbitro no futebol português. Nesse sentido, o Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decidiu, nesta sexta-feira, fazer uma exposição de alguns dos principais lances da jornada inaugural da Liga, divulgando os fundamentos e a troca de informações por detrás das decisões.

Lembrando que todos os jogos do principal escalão do futebol nacional são alvo de um relatório, ao qual são anexados clips dos lances capitais, o CA recorda que esse balanço de cada encontro é posteriormente enviado para o IFAB (International Board), órgão que centraliza a informação que lhe é remetida pelos campeonatos que já implementaram o videoárbitro e que em 2018 decidirá qual o rumo a seguir neste domínio.

No que respeita à 1.ª jornada da Liga, o CA faz um balanço francamente positivo do uso da tecnologia. “O videoárbitro já esteve presente em dez jogos na época 2017-18. Nenhum resultado foi influenciado por um erro claro da equipa de arbitragem. O único erro claro foi detectado pelo videoárbitro e pelo videoárbitro assistente e revertido pelo árbitro no relvado”, avalia, numa referência ao golo que acabou por ser atribuído a Marcano, o quarto do encontro entre o FC Porto e o Estoril (4-0).

Eis, de resto, o lote de lances seleccionados da ronda inaugural e explicados ao detalhe pelo CA, que ressalva que nesta fase do projecto o videoárbitro não conta com as linhas do fora-de-jogo para tomar a decisão.

Jogo Benfica-Sp. Braga (3-1)

Lance entre Jardel e Vukcevic, aos 45'
"O árbitro está perto do lance na área de penálti do SC Braga e entende não haver motivos para assinalar qualquer infracção. Por se tratar de uma jogada de possível penálti, o videoárbitro verifica. Não existe evidência de que se trata de um erro claro do árbitro, antes uma questão de interpretação sobre o contacto entre os dois jogadores. Não existindo evidência de erro claro, prevalece a decisão do árbitro. Procedimento correcto".

Golo anulado ao Sp. Braga, aos 71'
"O árbitro anula um golo ao SC Braga, por indicação do árbitro assistente. Como todos os lances de golo, é revisto pelo VAR. Depois de visionadas as imagens, não é claro que o jogador do SC Braga esteja em posição regular no momento do passe, pelo que não é dada indicação ao árbitro para reverter a decisão ou visionar junto ao relvado. O lance é de dúvida, prevalece a decisão tomada pela equipa de arbitragem. Procedimento correcto".

Jogo FC Porto-Estoril (4-0)

Golo de Marcano aos 69'
"O quarto golo do FC Porto neste jogo foi inicialmente anulado pelo árbitro no relvado, por indicação do árbitro assistente. Em causa estaria possível posição de fora-de-jogo do autor do golo, Marcano. Todos os lances de golo são revistos, de acordo com o protocolo do IFAB. Na revisão, o videoárbitro verificou, sem margem de dúvida, que o jogador se encontrava em posição legal no momento do passe. Tratava-se de um erro claro, pelo que o árbitro reverteu a decisão anterior, atribuindo o golo a Marcano. Procedimento correcto".

Jogo Portimonense-Boavista (2-1)

Golo de Ruben Fernandes, aos 54'
"Árbitro valida o golo. Como todos os lances de golo são verificados, VAR analisa três possíveis infracções na mesma jogada e confirma legalidade da decisão do árbitro no relvado. Procedimento correcto".

Jogo V. Setúbal-Moreirense (1-1)

Expulsão de Vasco Fernandes, aos 71'
"A decisão foi tomada pelo árbitro do jogo e secundada de imediato pelos assistentes. 1m02s depois, o videoárbitro confirmou: 'Tudo ok'. Procedimento correcto".

Para sedimentar a informação sobre o âmbito da actuação do videoárbitro, o CA recorda também os momentos e os contextos em que o árbitro pode pedir a intervenção dos assistentes munidos das imagens televisivas.

  • Todos os árbitros que desempenham a função de videoárbitro pertencem ao quadro principal (C1)
  • Todos os árbitros que desempenham a função de vídeo-árbitro assistente são árbitros assistentes do quadro principal (C1) ·
  • O árbitro no relvado toma sempre uma decisão  
  • O videoárbitro (VAR) deve questionar-se sempre se se trata de um erro claro
  • VAR pode intervir sempre que à equipa de arbitragem escape um incidente relevante (por exemplo agressões)  
  • Todos os golos são revistos pelo VAR  
  • As imagens de todas as câmaras que filmam os jogos chegam, em directo e de forma independente, ao videoárbitro  
  • O videoárbitro não depende do realizador que produz o jogo para desempenhar a sua função 
  • A nomeação dos árbitros para função de videoárbitro é conhecida em simultâneo com a nomeação de árbitros e árbitros assistentes
  • O videoárbitro não tem, nesta fase do projecto, auxílio das linhas de fora-de-jogo

Para além da introdução do videoárbitro, a FPF apresenta como novidade, neste arranque de temporada, a divulgação dos relatórios dos jogos da I Liga, que poderão ser consultados no site oficial do organismo.

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