City defende vantagem das "garras" de El Tigre

Mónaco de Leonardo Jardim inspira-se na recuperação de 2003/04 com o Real Madrid, que o levou à final com o FC Porto.

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Falcao foi uma das figuras da primeira mão, para o bem e para o mal PHIL NOBLE/REUTERS

Com a inacreditável eliminação do PSG na Liga dos Campeões, cabe ao Mónaco de Leonardo Jardim — apesar da desvantagem de dois golos, resultante do 5-3 da primeira mão, em Manchester — defender a honra e o orgulho franceses na prova milionária. 

Missão ingrata, embora viável, mesmo que no principado não exista tradição no que respeita a recuperações deste calibre. A excepção, contudo, promete iluminar o “rochedo”, o mesmo que em 2003-04 testemunhou a histórica eliminação do Real Madrid (derrota por 4-2 em Madrid e vitória por 3-1 no Stade Louis II) nos quartos-de-final, conduzindo os monegascos à final de Gelsenkirchen… que coroou o FC Porto campeão europeu.

Claro que em 13 anos tudo muda e o que verdadeiramente pesará, quando o jogo começar, são os factos e o momento de forma actual das duas equipas.

Para o Mónaco pouco interessam as estatísticas, que até lhe garantem algum conforto moral, já que não perdeu em nenhuma das seis ocasiões em que foi confrontado com a necessidade de anular, em casa, dois golos de desvantagem.

Mas ganhar não é suficiente, como “grita” o pragmatismo de Leonardo Jardim, impregnado de suores frios sempre que revê o jogo da primeira mão, em que esteve por duas vezes na frente e viu o City recuperar depois de Radamel Falcao ter desperdiçado um penálti (para o 3-1) que teria sido seguramente crucial para o desfecho da eliminatória.

A cadência e o ritmo dos oito golos do duelo de Manchester provam que tudo está, forçosamente, em aberto, apesar de ser necessário recuar 40 anos para encontrar o último jogo em que os “citizens” foram eliminados em circunstâncias semelhantes, fracassando em Turim, frente à Juventus, depois de uma vitória tangencial em Inglaterra, na primeira mão.

Receptivos a todo o tipo de encorajamento, os monegascos depositam legítimas expectativas na voracidade de “El Tigre” e no génio de Bernardo Silva — sem mencionar Germain, Fabinho e Mbappé —, confiando na notável capacidade concretizadora revelada na presente época, que coloca o Mónaco no topo das equipas com mais golos obtidos, com 123 bolas certeiras nas balizas adversárias.

Atlético Madrid a gerir

Sem grandes ilusões, apesar do desconcertante controlo emocional dos germânicos, o Bayer Leverkusen — curiosamente adversário do Mónaco na fase de grupos — está obrigado a vencer o Atlético de Torres, Gameiro e Griezmann por três golos de diferença… em Madrid, resultado que só aplicou à equipa de Leonardo Jardim, em Leverkusen. Mas desse jogo pouco sobra: com três derrotas e um empate no último mês, o Bayer lambe as feridas da goleada (6-2) frente ao Borussia Dortmund que ditou a troca de timoneiro.

Para agravar cenário tão desolador, o Bayer, que nunca foi além dos “oitavos”, apresenta-se no Vicente Calderón sem Ömer Toprak (lesão nos ligamentos), Lars Bender (tornozelo), Jonathan Tah (coxa) Stefan Kiessling (anca) e Kai Havertz (exames escolares). O guarda-redes Bernd Leno foi operado a uma fractura do nariz  no sábado, mas deve surgir na baliza, enquanto Hakan Çalhanoglu e Benjamin Henrichs cumprem castigo.

Para além da humilhação sofrida no BayArena, o Bayer Leverkusen precisa agora de inspirar-se nas proezas de Ajax e Inter Milão, únicas formações que recuperaram após derrotas caseiras desta magnitude. Igualmente de fora, ainda que do lado espanhol, o português Tiago (afastado da competição há três meses) sugere um olhar ainda mais atento a um jogo em que aos espanhóis compete gerir com inteligência o 2-4 da primeira mão.

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