Bruno Moreira quer voltar a ser o melhor marcador português do campeonato

Depois de alguns meses na Tailândia, Bruno Moreira voltou ao futebol português e ao Paços de Ferreira e será um dos perigos para a defesa do Benfica este sábado, na Luz.

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Bruno Moreira já marcou um golo neste seu regresso ao Paços de Ferreira Lusa

Depois de ter sido o melhor marcador português da liga, Bruno Moreira não resistiu a um convite milionário de um clube tailandês, mas está de volta a Portugal e ao Paços de Ferreira, clube que o projectou como um goleador a ter em conta. Neste sábado, o Paços de Ferreira vai à Luz para defrontar um Benfica em crise de resultados (20h30, BTV), e o avançado de 30 anos quer fazer um bom resultado, mas não é pela série de três jogos sem vencer que os “encarnados” vão deixar de ser uma equipa “extremamente difícil”.

O jogo deste sábado vai ser mais difícil para o Benfica, pelo que se tem passado nas últimas semanas, ou para o Paços de Ferreira?
Vai ser um jogo difícil para ambos. Nós temos a noção da tamanha dificuldade que vamos ter, não só porque o Benfica não está a passar por uma boa fase e vai querer entrar forte como é habitual, mas penso que será um bom jogo, acima de tudo, que consigamos um bom resultado.

A crise de resultados do Benfica pode facilitar a vossa tarefa?
Não digo que vá facilitar. O Benfica é sempre uma equipa forte, estando, ou não, num bom momento, ainda para mais jogando em casa. Será um jogo contra uma equipa extremamente difícil, mas vamos jogar para tentar contrariar as ideias de jogo do Benfica.

Tem-se visto muita contestação e muitos assobios ao Benfica por causa da sucessão de maus resultados…
Os jogadores do Benfica são jogadores de grande nível, já passaram por fases destas nas suas carreiras e sabem lidar com este tipo de situações. É óbvio que ninguém gosta de jogar com assobios e com essa pressão imensa. Os jogadores têm de estar preparados para isso porque faz parte.

Depois de uma má entrada no campeonato, o Paços começa a entrar no ritmo certo…
Felizmente que no último jogo conseguimos a tão desejada vitória e agora esperamos dar continuidade no campeonato. Agora temos um jogo muito complicado que não é do nosso campeonato, mas espero que a vitória no último jogo nos embale para uma boa época.

Já marcou ao FC Porto e ao Sporting. É desta que vai marcar ao Benfica?
Acredito que, se tiver oportunidade, irei fazê-lo. É o meu trabalho.

Como é que está a ser este seu regresso ao futebol português?
É sempre bom voltar a Portugal e a este clube que me diz muito. Tem sido óptimo. Estou muito satisfeito com este regresso e muito entusiasmado por estar aqui.

O que é que motivou o seu regresso?
Foi o clube, as pessoas… Senti esse carinho da parte desta direcção. Quando há vontade de voltar e o clube assim o deseja, fica mais fácil.

Como é que foi a experiência na Tailândia?
Foi boa, enriquecedora. Foi uma experiência nova, uma cultura diferente, hábitos diferentes aos quais tive de me adaptar. Estive lá pouco tempo, mas valeu pela experiência. Era tudo diferente, mas tornou-se mais fácil porque as pessoas do clube ajudaram-me bastante, foram muito prestáveis, não deixaram que me faltasse nada. E tive sempre a minha família presente, o que é fundamental. Isso ajudou imenso à minha adaptação.

É tudo diferente na Tailândia, não? Calor, humidade, comida super-picante…
É verdade, é tudo completamente diferente, não tem nada a ver com Portugal. Sabia à partida que a alimentação iria ser muito diferente e que teria de me adaptar ao clima, mas consegui adaptar-me rapidamente.

Vivia numa cidade bem mais pequena que Banguecoque…
Sim, Buriram. Ficava a cerca de 450 quilómetros de Banguecoque, era uma distância considerável. Mas viajávamos de avião sempre que tínhamos de ir lá jogar.

Não tinha carro na Tailândia…
Andava sempre de moto. Todos andavam de moto e eu acabei também por fazer o mesmo. Gosto particularmente de andar de moto, algo que aqui não posso fazer por regulamentos internos. Lá podiamos e até sabia bem com o calor. Antes de ir para lá, já tinha andado, mas não andava diariamente, nem me deslocava de moto como veículo habitual. E o trânsito era caótico. Para fazer dois quilómetros levava 40 minutos, só para ter uma ideia.

E em termos desportivos, como é que correu?
Os primeiros tempos foram mais difíceis, porque estava a adaptar-me, mas depois foi passando e acabou por correr bem, dentro do tempo que lá estive.

Era uma “estrela” lá?
Podemos dizer que sim. Fui para lá com um contrato elevadíssimo para os padrões tailandeses. Era visto como uma referência. Desde que cheguei, senti logo o carinho dos adeptos. Eles tinham uma atenção particular aos jogadores estrangeiros, gostam de mimar mais os estrangeiros.

Tendo esse contrato elevadíssimo, por que não continuou na Tailândia?
É verdade que tinha um contrato muito bom, que nunca conseguiria cá. Mas tive um problema familiar que me levou a voltar.

A esta distância, não se arrepende de ter ido para o futebol tailandês?
Nunca me arrependo, porque foi uma experiência enriquecedora. Em termos profissionais, não terá sido o melhor, mas em termos financeiros valeu por todos os dias que lá estive.

Teve mais convites na altura?
Sim, tive vários pela Europa fora, e até de Portugal, mas o que mais pesou na altura foi a parte financeira, que era fundamental para mim pela idade que já tinha. Nenhuma se aproximou desta. O contrato que fiz praticamente resolveu-me a vida.

Quando saiu de Portugal, era o melhor marcador português do campeonato. Quer recuperar esses estatuto?
Claro que sim. É um objectivo meu, estar entre os melhores. Não tenho nenhum número de golos na cabeça, mas quero fazer aquilo que já fiz por este clube.

Nessa altura, dizia que a selecção estava mais perto? Como é que está esse sonho agora?
Sinceramente, está muito difícil. Tenho noção onde estou e onde jogo, mas nunca podemos perder essa esperança. Nunca se sabe.

Fez grande parte da formação do FC Porto e até foi internacional nas selecções jovens, mas a evolução estancou um bocadinho na parte final. O que se passou?
Nessa altura tive uma lesão grave, no último ano de júnior, e isso travou um bocado a minha progressão. Mas acabei por chegar à I Liga e estar entre os melhores.

O Paços é uma equipa que tem feito boas classificações nos últimos anos. Qual é o objectivo para esta época?
O primeiro objectivo será garantir a manutenção o mais rápido possível. Depois, olhamos para cima e chegar o mais longe que pudermos.

O Paços também tem lançado treinadores para a ribalta e temos um deles, o Paulo Fonseca, a fazer grandes resultados na Liga dos Campeões…
O que posso dizer dele é que nada me surpreende. Acredito que não fique por aqui.

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