Bruno de Carvalho suspenso seis meses por causa do caso do túnel

O presidente do Arouca apanhou uma pena ainda mais pesada: 20 meses. "Leões" já anunciaram que vão recorrer da decisão do Conselho de Disciplina.

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Bruno de Carvalho NFS - Nuno Ferreira Santos

Se em Março deste ano Bruno de Carvalho se insurgiu com os 113 dias de suspensão que, na altura, lhe foi imposta e relacionada com críticas que fez aos responsáveis pela arbitragem nacional, agora a reacção deve ser ainda mais sonora. Isto porque o Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) suspendeu ontem o líder “leonino” por seis meses, naquele que é um dos maiores castigos aplicados a presidentes de clubes desde o caso “Apito Dourado”, em 2008 e que ultrapassa, precisamente, o que o líder “leonino” teve de cumprir no início deste ano.

Na base do castigo agora aplicado a Bruno de Carvalho e ontem conhecido estão os incidentes ocorridos no túnel do estádio José Alvalade após o Sporting-Arouca da 10.ª jornada da Liga NOS de 2016-17, disputado a 6 de Novembro do ano passado, que os “leões” venceram por 3-0. No final dessa partida, o dirigente sportinguista desentendeu-se com Carlos Pinho, presidente do Arouca, na zona dos balneários. Na altura, o Arouca acusou Bruno de Carvalho de ter cuspido na cara de Carlos Pinho, enquanto o Sporting refutou a acusação e disse que o líder do clube visitante tentou agredir o presidente “leonino”.

Em Julho, surgiram na imprensa aquilo que seriam as conclusões do inquérito instaurado pela FPF. Afinal, o caso do túnel não teria sido mais do que uma coincidência infeliz. No entender da Comissão de Instrutores da Liga, o presidente do Sporting expeliu “fumo em direcção à cara do presidente do Arouca”, através de “um cigarro electrónico”, num “momento em que se encontravam em contacto um com o outro e, consequentemente, com a cara já muito próxima uma da outra”.

Após analisar testemunhos e depoimentos, bem como as imagens existentes, o CD da FPF considerou agora que Bruno de Carvalho cometeu uma infracção que se enquadra na lesão de honra e reputação ao lançar fumo na cara de Carlos Pinho, suspendendo-o por seis meses, sendo que este tipo de infracção é punível com suspensão de dois meses a dois anos. Já Carlos Pinho foi acusado de seis infracções disciplinares que poderiam valer uma pena acumulada entre os 14 meses e os nove anos e meio de suspensão, tendo-lhe sido aplicados 20 meses de suspensão.

Para além das suspensões, os dois dirigentes foram ainda punidos com multas. Bruno de Carvalho terá de pagar 11 mil euros, enquanto Carlos Pinho 30 mil euros.

Já o director desportivo do Arouca, Joel Pinho, e o coordenador de segurança do Sporting, Miguel Tunes, foram ambos absolvidos.

O Sporting demorou algumas horas a reagir ao castigo, mas anunciou a sua intenção de recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD). “Consideramos manifestamente injusta e desproporcionada a sentença aplicada, na medida em que ficou provado que o presidente do Sporting foi vítima e não autor de qualquer espécie de agressão ou insulto”, pode ler-se num comunicado do Sporting. Para o Sporting, cujo presidente foi ainda multado em 11.475 euros, “não faz qualquer sentido que quem é agredido, insultado, caluniado, difamado e injuriado, sem que tenha cometido qualquer infracção, seja objecto de qualquer outra decisão que não passasse pela absolvição completa”. Assim, o clube de Alvalade anunciou que vai recorrer, por considerar que “existem todas as razões para que se faça justiça” e se corrija aquilo que considera ser “um erro de avaliação” deste órgão disciplinar. “Confiamos e temos esperança que o Tribunal Arbitral do Desporto, tanto neste caso como no recurso que está pendente relativo ao castigo de quatro meses aplicado ao presidente do Sporting por declarações sobre Vítor Pereira, reponha a justiça nas decisões que vier a tomar”, concluiu o Sporting na sua missiva.

Um pouco antes, já o Arouca tinha reclamado a vitória neste caso, apesar de Carlos Pinho ter sido punido com uma pena quase quatro vezes superior à de Bruno de Carvalho. Joel Pinho, director desportivo e filho do presidente do Arouca, disse que a decisão do CD prova “que houve actividade organizada, que houve uma espera e que algo foi expelido [da boca de Bruno de Carvalho]. De certa forma, é uma vitória, pois vem dar-nos razão”, destacou o dirigente.

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