Bruno de Carvalho: O “Trump” do futebol ou o “Presidente sem Medo”?

O actual presidente recandidata-se a um novo mandato.

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Bruno de Carvalho evr Enric Vives-Rubio

Era um perfeito desconhecido, quando anunciou a sua candidatura à presidência do Sporting, em Fevereiro de 2011. Com um discurso ambicioso, apelativo e de corte drástico com o passado, Bruno de Carvalho, então com 39 anos, largou rapidamente o epíteto de outsider para disputar taco a taco uma das eleições mais controversas da história “leonina”. Teve de esperar mais dois anos para cumprir o sonho, até uma profunda crise financeira e desportiva lhe escancarar as portas de Alvalade. No futebol não conquistou títulos relevantes, mas reequilibrou a balança competitiva para Benfica e FC Porto. Para já, o seu grande mérito foi ao nível financeiro, como o comprova o lucro recorde de 46,5 milhões de euros da SAD relativo ao primeiro semestre da temporada 2016-17.

“Arrogante, conflituoso, constantemente a vaporizar [cigarros electrónicos], não agrada certamente a todos, mas impôs-se a si e à sua enorme personalidade no clube, de uma forma que poucos homens o conseguem”, descrevia na última quarta-feira o britânico The Independent, num artigo intitulado “O ‘Donald Trump’ do futebol: Bruno de Carvalho mostra poucos sinais de querer suavizar o seu punho no Sporting”. O jornal relembrou o estado do clube quando o actual presidente assumiu a presidência, em 2013: “O clube tinha dívidas de centenas de milhões de euros e também tinha parado de competir no relvado.”

O cenário desportivo era dantesco e culminou com um inédito sétimo lugar na classificação no final do compeonato (2012-13), a pior de sempre na história centenária do emblema. O primeiro passo do novo homem forte de Alvalade foi negociar a reestruturação financeira com a banca credora, que permitiu ao clube respirar e manter uma equipa competitiva, apesar dos orçamentos de crise nas primeiras duas épocas do mandato. Ao mesmo tempo, apontou as baterias para os “inimigos” externos, com Benfica e FC Porto à cabeça, mas visando igualmente as instâncias máximas do futebol nacional, agentes e fundos de jogadores.

Um discurso populista, quase sempre truculento, mas que lhe rendeu o apoio das massas “leoninas”. Os maus resultados da corrente temporada não terão beliscado em demasia a popularidade deste sobrinho-neto do ex-primeiro-ministro Almirante Pinheiro de Azevedo, que entrou para a história com o título de “Almirante sem Medo”.

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