Sem brilho, sem golos e sem vitórias: Brasil aflito no futebol

“Canarinha” tem nesta quarta-feira jogo decisivo frente à Dinamarca para garantir passagem aos quartos-de-final.

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Neymar não tem brilhado no Torneio Olímpico de futebol Reuters

O Brasil, apontado com um dos grandes favoritos ao ouro no Torneio Olímpico de futebol, passa por um inesperado momento muito difícil. Depois de dois surpreendentes empates a zero frente a equipas (África do Sul e Iraque) longe do palmarés do futebol brasileiro, a selecção “canarinha” tem nesta quarta-feira em Salvador um jogo decisivo frente à Dinamarca (1h de quinta-feira em Portugal).

A selecção "canarinha" precisa vencer para garantir a qualificação para os quartos-de-final. Ainda assim pode ser apurado sem uma vitória. O Brasil ocupa o terceiro lugar do Grupo A, com 2 pontos, o mesmos que o Iraque, com a Dinamarca na frente com quatro pontos. Se a equipa brasileira empatar o seu jogo e também se verifique um empate pelo mesmo resultado entre Iraque e África do Sul, Brasil e Iraque ainda podem passar à fase seguinte, ficando dependentes de um sorteio.

O torneio olímpico de futebol nunca foi encarado pelos brasileiros como uma das principais prioridades. A eliminação na primeira fase nos jogos de Sydney 2000, e a prata em Londres 2012, não causaram grandes traumas. Só que, desta vez, a jogar em casa e fase à escassez de resultados internacionais, os brasileiros apostaram forte. A estrela Neymar foi poupada na Copa América Centenário para estar em forma nos Jogos e ajudar a conquistar o primeiro ouro olímpico do futebol brasileiro.

Só que nem Neymar nem a restante equipa mostram futebol que alimente o sonho do ouro. E, claro, neste momento chovem críticas.

Os jogadores reconhecem que as coisas não têm corrido bem, mas ainda alimentam a esperança de uma passagem à fase seguinte. E lembram histórias recentes. “Portugal ganhou o Europeu após conceder dois empates na fase inicial”, lembra o avançado Gabriel Jesus, citado pela agência AFP.

Mas há outras semelhanças entre esta equipa brasileira e portuguesa que ganhou o título em França. A “canarinha”, tal como a equipa lusa no Europeu, remata muito (41 remates nos dois jogos), mas poucos remates levam a direcção da baliza (13) e, pior ainda, não marca golos.

“Estamos nervosos. Queremos marcar a qualquer custo e não conseguimos. Isso retira-nos alguma confiança”, reconhece o médio Renato Augusto.

O treinador Rogério Micale, que vive sua primeira experiência numa competição de grande visibilidade, teve muito pouco tempo com todo o grupo, após lesões e jogadores libertados pelos clubes já tardiamente. Durante jogo com o Iraque, surpreendeu ao manter-se longos períodos sentado no banco sem comunicar com os futebolistas. “O estádio estava cheio. Não sei se comunicamos bem”, admite o técnico, que está apenas há 22 dias à frente da equipa olímpica.

“Não creio que tenhamos tido tempo de criar um perfil tão forte, por exemplo, para estes momentos difíceis, de ansiedade. Além das ferramentas para penetrar em defesas bem postadas. Actualmente, todo mundo tem informação, o futebol mundial evoluiu, principalmente para se fechar atrás. Já não se faz futebol de qualquer forma. É normal termos um momento de luto. Mas ainda acredito. Dependemos de nós”, afirmou o treinador citado pelo jornal O Globo.

A selecção brasileira tentará nesta quarta-feira, acima de tudo, livrar-se de uma nova vergonha a nível internacional. O vexame já ecoa pelas bancadas das arenas olímpicas de outras modalidades, onde sempre que um atleta brasileiro consegue um bom resultado, é frequente ouvir-se a frase “melhor que Neymar”.

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