Boniek, o polaco que matou ilusões do FC Porto

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O "onze" do FC Porto na final: (em cima da direita para a esquerda) Zé Beto, João Pinto, Jaime Magalhães, Eduardo Luís, Lima Pereira, Eurico Gomes, (em baixo direita para a esquerda) Frasco, Gomes, Sousa, Jaime Pacheco, Vermelhinho DR

Zbigniew Boniek, comentador de televisão em Itália e na Polónia e presidente da federação de futebol do seu país, agora em vésperas dos 61 anos, foi o homem que liquidou as aspirações do FC Porto na sua primeira final europeia, em 16 de Maio de 1984. No vetusto Estádio de St. Jakob, em Basileia, construído para acolher jogos do Campeonato do Mundo de 1954, Boniek, “belle di notte” como lhe chamava o grande patrão da Juventus, Giovanni Agnelli, entusiasmado com as suas luminosas exibições nas noites de gala, foi o colaborador precioso de Michel Platini.

O francês era o cérebro e o polaco o motor. Se a esta dupla se acrescentar o nome de Marco Tardelli, o italiano campeão do mundo, hoje fluente comentador da televisão, na RAI, podemos desde logo avaliar a força da “Juve” dessa época. Boniek esteve em três Mundiais e num deles na meia-final. Valia então muito dinheiro, mas a sua transferência do Widew Lodz para a Juventus fez-se por uma ninharia comparada com os números que hoje se manobram.

Nesse jogo da final da Taça dos Vencedores das Taças existiam muitos sinais do favoritismo italiano. Até no próprio dia do jogo, enquanto os portugueses se reuniam à volta dos 8 mil em sector de pé, os adeptos da Juventus andariam pelos 30 mil. E quando se falava nos prémios para cada jogador pela vitória dizia-se que Boniek e seus companheiros teriam garantidos 4 mil contos (cerca de 20 mil euros) mais um automóvel da FIAT, mas as aspirações dos jogadores do FC Porto dificilmente chegariam aos mil.

O principal jornal de Basileia, o Basler Zeitung, publicou um número especial em língua italiana em que se reconhecia que a gente da cidade tinha uma grande simpatia pela Itália, que lhe ensinou como se faziam bons gelados. E escrevia que o FC Porto seria como uma vítima inevitável, destinada ao sacrifício sobre o altar dos aclamados campeões de Itália. Mas Trapattoni, na sua sétima época na Juventus, então com 45 anos, manifestava alguma inquietação em relação ao 4-4-2 proposto por António Morais, três anos mais novo, o substituto de José Maria Pedroto, já bastante doente, e manifestou-se mais prudente e não preocupado apenas com Fernando Gomes, o elogiado Bota de Ouro europeu. 

Como se sabe, a Juventus ganhou essa final por 2-1 no maltratado relvado do estádio, na sua quarta eleição europeia, mas o golo de Boniek, que definiu o vencedor, não foi o único factor de decisão. O polaco foi um recuperador incansável, rápido, inteligente e pragmático. Só que a juntar a tudo isso veio a ajuda do árbitro da Alemanha Oriental, Adolf Prokof, que entre outras decisões questionáveis, deixou passar a falta do polaco sobre João Pinto na movimentação que deu o golo e mereceu outras críticas dos portugueses.

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