Do escândalo ao mal menor no Estádio da Luz

Surpreendente Boavista vencia por três golos de diferença aos 25’, mas a recuperação do Benfica saiu do banco e começou ainda no primeiro tempo.

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Mitroglou iniciou a recuperação do Benfica no Estádio da Luz LUSA/MIGUEL A. LOPES

Depois de uma série de oito vitórias consecutivas e sete partidas sem sofrer golos, o Benfica viveu uma tarde de pesadelo no Estádio da Luz, que poderia ter tido piores consequências. Aos 25’, o marcador exibia um impensável 0-3 para o Boavista, mas os “encarnados” acordaram a tempo de minimizar os danos e alcançar a igualdade (3-3). Os tricampeões nacionais encerrariam sempre a primeira volta do campeonato no primeiro lugar, mas a vantagem poderia ser ainda mais vincada.

O Boavista encheu três autocarros com adeptos rumo a Lisboa, mas não colocou nenhum em frente à sua baliza nos primeiros 45’. Pelo contrário, até surpreendeu pela forma afoita como subiu as suas linhas, pressionando logo na zona intermediária e procurando sempre a baliza adversária. O mote foi dado logo aos 14’, quando o sportinguista Iuri Medeiros cobrou magistralmente um livre, fazendo a bola ainda embater na barra antes de cruzar a linha de golo.

Era o primeiro banho de água fria para o público na Luz, no dia em que se comemorava a entrada do espectador 15 milhões no recinto. Mas os sobressaltos não tinham terminado. Com Gonçalo Guedes e Jonas como dupla atacante, Salvio e Rafa nas alas e Samaris e Pizzi no miolo, os “encarnados” entraram com descontracção excessiva, face à folga na tabela, apostando na qualidade e no cronómetro para resolver um jogo que se anunciava pouco dramático.

O Benfica não chegava muitas vezes à baliza “axadrezada”, mas quando o fazia conseguia criar algum perigo, nomeadamente através de Gonçalo Guedes, que ficou duas vezes sozinho na área, falhando ligeiramente o alvo, aos 12’, e permitindo a defesa de Agayev, aos 17’.

O Boavista nunca se amedrontou com as investidas da equipa da casa e, aos 20’, um novo livre, cobrado mais uma vez por Iuri Medeiros, na esquerda, encontrou Lucas na área, que se superiorizou à defesa benfiquista, para o segundo dos visitantes. E ainda se digeria o resultado já com contornos escandalosos, quando o espanto total invadiu as bancadas. Cinco minutos depois, Iuri Medeiros (sempre ele) tocou na área dos lisboetas para Schembri encostar para o terceiro. O difícil era acreditar.

Rui Vitória aguardou até aos 37’ para mexer pela primeira vez na equipa, mas seria feliz nas três substituições que promoveu no encontro. O grego Mitroglou rendeu Rafa e, quatro minutos depois (41’), reduziu a desvantagem, resgatando a sua equipa da fase de negação e deixando tudo em aberto para o segundo tempo.

O Boavista também reagiu a este ressuscitar das cinzas da “águia” e recuou bastante as linhas na segunda metade. O Benfica não foi cerimonioso com o convite e carregou com tudo. Entrado ao intervalo para o lugar de Luisão, o argentino Cervi foi derrubado na área, aos 52’, por Edu Machado, com Jonas a cobrar o castigo máximo e a amplificar a confiança do conjunto de Rui Vitória numa reviravolta.

Aos 66’, uma nova mexida do treinador “encarnado” voltou a ter efeitos quase imediatos. Zivkovic rendeu Guedes e, dois minutos depois, cruzou tenso da esquerda para a área, para o infeliz Fábio Espinho cabecear para as redes da sua baliza, deixando tudo empatado na Luz.

Havia ainda muito tempo para chegar ao triunfo, mas a eléctrica partida não haveria de sofrer mais danos nas balizas. E não por falta de oportunidades de ambos os lados.

O Boavista acabou por conquistar um ponto na Luz que, em outras circunstâncias, seria um excelente resultado, mas, face àquilo que chegou a ter nas mãos, deixa um sabor amargo à equipa de Miguel Leal. O oposto é também verdade para o Benfica, apesar dos lances dos três golos “axadrezados” terem sido contestados, por duas faltas e um fora-de-jogo.

Cinco meses depois, as “águias” voltaram a ser travadas em casa para o campeonato e abriram o apetite para a segunda volta da prova.     

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