Boasson Hagen vence 19.ª etapa com Froome seguro à espera do contra-relógio

Norueguês troca as voltas aos belgas e deixa pelotão a 12,27 minutos na mais longa jornada do Tour.

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Froome com o "famoso" diabo do Tour Yoan Valat/EPA

No dia nacional da Bélgica, foi um norueguês a frustrar a ambição dos compatriotas do mítico Eddy Merckx, que acompanhou de perto o dia em que o pelotão disse adeus à montanha e viu ficar definida a classificação por pontos. Edvald Boasson Hagen (Dimension Data) venceu a 19.ª e a mais longa etapa da 104.ª edição da Volta à França em bicicleta, uma tirada de 222,5 km cumprida em 5h06m09s, entre Embrun e Salon-de-Provence, numa jornada sem consequências para a liderança de Chris Froome.

O inglês parece, assim, caminhar a passos seguros para a quarta vitória no Tour, agora praticamente só “presa” pelo contra-relógio deste sábado, em Marselha, 22,5 km nos quais Froome não arriscará demasiado.

“Nada está decidido. Sinto-me bem, mas não correrei riscos desnecessários. Mais importante do que vencer é não perder esta etapa”, sublinhou o britânico no final.

Quem venceu mesmo foi Boasson Hagen, que conquistou pela terceira vez na carreira uma vitória no Tour, adiantando-se ao grupo de nove dos 20 fugitivos do dia para cortar a meta isolado, com 12m27s de vantagem sobre Froome e companhia.

Hagen atacou a 2,5km da meta, deixando o alemão Arndt (Sunweb) a cinco segundos e Keukeleire (Orica) a 17s — o primeiro dos três belgas que tentaram brilhar no dia da independência do país.

O norueguês explicou que desta vez ouviu atentamente as instruções dadas no briefing, que apontavam a rotunda que Hagen e o alemão Arndt abordaram pelo lado direito, ao contrário dos restantes sete ciclistas.

“De manhã, analisámos bem o vídeo da chegada. Por vezes, por instinto, seguimos os outros. Mas desta vez lembrei-me do que foi dito pelos directores. Já tive a minha dose de desilusões em sprints neste Tour”, disse, depois de dois segundos e um terceiro lugares, “e não queria arriscar o photo-finish. Por isso, quando vi que o Arndt não conseguia acompanhar-me, dei tudo para chegar isolado”, explicou Boasson Hagen, que não chegava em primeiro na Volta à França desde 2011, consumando a 64.ª vitória em etapas na carreira.

Indiferente às motivações dos homens da frente e unicamente à espera do contra-relógio decisivo deste sábado, em Marselha, e decididamente pouco interessada numa chegada em pelotão — com os riscos que tal implicaria para o líder da geral — a Sky assumiu-se declaradamente como “patrocinadora” da fuga, gerindo o tempo de vantagem dos 20 protagonistas de uma escapada inócua, já que o ciclista com melhor ranking, o holandês Bauke Mollema (Trek), estava à partida a 47m03s do camisola amarela, na 20.ª posição...

Se a posse da camisola amarela ainda não está totalmente definida, a verde está praticamente entregue a Michael Matthews  (Sunweb), que precisa apenas de chegar a Paris para se tornar no terceiro australiano a vencer a classificação por pontos, prémio instituído no 50.º aniversário da Volta a França, repetindo a proeza de Robbie McEwen (2002, 2004 e 2006) e de Baden Cooke (2003).

O português Tiago Machado, que renovou por um ano o vínculo com a Katusha Alpecin, cortou a meta na 135.ª posição, com o mesmo tempo de Froome, subindo um lugar na geral, onde ocupa a 75.ª posição.

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