Num jogo certinho, ganhou quem tem um pouco mais de magia

Belgas venceram a Rússia por 1-0, outra vez com um golo de um suplente, e estão apurados para os oitavos-de-final.

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Divock Origi remata para golo KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP

Foram 88 minutos de puro deleite para os amantes da táctica, mas de alguma sonolência para quem gosta de ver jogos de cortar a respiração. Quando tudo se encaminhava para um empate a zero, Eden Hazard e Origi acordaram durante um venenoso contra-ataque e levaram a Bélgica ao colo para os oitavos-de-final do Mundial 2014.

O passe de Hazard e o remate imparável de Origi às portas da pequena área da selecção da Rússia fizeram o resultado a apenas dois minutos do fim do tempo regulamentar, num jogo em que belgas e russos raramente conseguiram mostrar que tinham capacidade para vencer.

Ainda assim, a primeira parte foi mais movimentada do que os primeiros 40 minutos da segunda. Apesar do equilíbrio táctico, com as duas selecções muito organizadas, e com a clara noção do espaço que cada jogador deveria ocupar para que o jogo decorresse sem grandes surpresas, o belga Dries Mertens foi o único a mostrar aos adeptos que o dinheiro dos seus bilhetes não tinha sido gasto em vão.

As suas constantes subidas pelo lado direito do ataque belga deixaram algumas vezes a defesa russa sem saber muito bem o que fazer com as indicações do seu seleccionador, o italiano Fabio Capello, conhecido por arriscar tanto como um apostador que entra num casino mas que nunca chega a jogar.

Havia velocidade, parecia haver vontade, mas os problemas começavam quando os ataques chegavam perto das defesas – quando isso acontecia, as defesas levavam sempre a melhor, fosse por mérito próprio, fosse por falha alheia.

Foram poucas – muito poucas – as oportunidades de golo na primeira parte. Para se ser mais correcto, houve alguns calafrios e uma única oportunidade clara de golo.

Depois de um remate de Faizulin aos 12', defendido para canto pelo guarda-redes belga Thibaut Curtois, e de um par de cortes providenciais na grande área da Rússia, sempre por culpa dos raides de Dries Mertens, o avançado russo Kokorin podia ter levado a sua selecção para o intervalo em vantagem. No meio dos centrais belgas, sem nenhuma oposição para além da sua própria habilidade, Kokorin cabeceou por cima e provou que não merecia aquele primoroso cruzamento de Glushakov.

A arbitragem do alemão Felix Brych acompanhava o jogo – certinha, sem muitas invenções. Apenas um lance difícil de avaliar, em que o defesa Alderweireld tocou na bola e no pé do avançado russo Kanunikov no interior da grande área belga. O contacto existe, e neste Mundial já houve penáltis muito mais controversos, mas admite-se que o árbitro possa ter sido traído pela velocidade do lance. Seja como for, a Rússia pode queixar-se de não lhe ter sido concedida a hipótese de se adiantar no marcador ainda antes da meia hora de jogo.

Quando o intervalo chegou, muitos acreditariam que pior seria difícil. Mas o respeito com que a geração de ouro da Bélgica e os experientes soldados do general Fabio Capello se defrontaram não deixava antever mudanças profundas.

O momento que acabou por resolver a partida só se concretizou a dois minutos do fim, mas começou a ganhar forma meia hora antes, quando o seleccionador belga Marc Wilmots empurrou para o campo Divock Origi, avançado dos franceses do Lille.

Tal como no primeiro jogo deste Grupo H, em que a vitória frente à Argélia foi arrancada a ferros com dois golos de suplentes (Fellaini e Mertens, recompensados com a titularidade frente à Rússia), o trunfo para a segunda vitória da Bélgica estava também no banco.

Com 19 anos de idade feitos em Abril, o adolescente Origi marcou o golo que permitiu à Bélgica continuar a sonhar com uma surpresa dos “diabos vermelhos” no Mundial 2014. Para já os belgas somam seis pontos e estão bem encaminhados para ficar em primeiro do grupo.

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